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Portuguesa fotografa a vida dos estrangeiros em Londres

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A portuguesa Carolina Henriques, cofundadora do projeto fotográfico “Stories for Change”, em Londres, considerou que desde o Brexit, os imigrantes no Reino Unido passaram a ter um apego maior à sua identidade europeia.  

Esta foi uma das observações feitas durante o trabalho realizado em colaboração com a húngaro-alemã Linda Nagy sobre os percursos de cidadãos da União Europeia (UE) a residir na capital britânica. 

O projeto começou pelo desejo de “explorar alguma coisa ao nível da identidade através da fotografia”, contou Henriques à agência Lusa.

Juntamente com Linda Nagy, que conheceu através de um projeto com o mesmo nome da organização 3million, que representa europeus no Reino Unido, lançaram um apelo a voluntários para serem fotografados. 

O objetivo era compreender melhor as experiências vividas pelos cidadãos da UE que vivem em Londres e representá-las através de objetos, lugares e espaços relevantes, procurando contar as respetivas histórias através de fotografias que procurassem compreender as experiências. 

“Dividimos as fotografias entre viagem, pertença e identidade. Quisemos mostrar por que as pessoas vieram para o Reino Unido, estudar ou trabalhar”, explicou Carolina Henriques, que trabalha na Cruz Vermelha no apoio a migrantes. 

Dos 33 voluntários, escolheram seis, concentrados em Londres por questões financeiras e logísticas, e após breves entrevistas fotografaram os objetos e locais indicados. 

Em vez de retratos, as imagens mostram elementos muito diferentes, como passaportes, livros, comida, que pode ser típica do país de origem ou do restaurante favorito em Londres, e locais emblemáticos da cidade. 

Em alguns casos, é referida a nacionalidade, género ou profissão, mas os nomes e caras são omitidos. 

“Fomos onde as pessoas disseram para ir quando tinham disponibilidade. Alguns vieram connosco ou indicaram o local. O produto final é nosso, nós é que tirámos as fotografias e editámos”, referiu a portuguesa. 

Destes contactos, Henriques e Nagy descobriram que os migrantes assumem várias identidades, aquela do país de origem e também do país de acolhimento.

“Encontrámos acima de tudo uma maior conexão com a cidadania europeia depois do Brexit. As pessoas agarram-se um bocadinho mais a isso porque acabam por ter de passar por mais burocracia”, recordou. 

Carolina Henriques e Linda Nagy quiseram dar voz e humanizar os migrantes para contrariar narrativas negativas promovidas por alguns políticos e comunicação social. 

“Alguns participantes, não todos, partilharam experiências de discriminação e nós vimos isso com os participantes que têm trabalhos menos especializados, com menor domínio da língua inglesa, que têm maior propensão a serem explorados”, disse Henriques. 

O projeto resultou numa exposição com uma série de fotografias dividida por cada uma das seis pessoas e um texto em que a história é contada nas próprias palavras através de citações. 

A exposição já esteve no Parlamento britânico e em outros vários eventos relacionados com as relações entre Reino Unido e a UE. 

A portuguesa disse que querem “continuar e talvez levar a exposição a outros locais do país fora de Londres”.

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