Lisboa vê nascer Centro Interpretativo do 25 de Abril
O Centro Interpretativo do 25 de Abril, a instalar no Terreiro do Paço, em Lisboa, deverá estar concluído em 2026, de acordo com a previsão esta semana anunciada no âmbito do programa de comemorações dos 50 anos da revolução.
O projeto proposto pela Associação 25 de Abril à comissão para as comemorações ficará instalado no edifício do Ministério da Administração Interna, num espaço que precisa ainda de algumas obras, disse o presidente da associação, Vasco Lourenço, num encontro com a imprensa destinado a divulgar a programação oficial das várias iniciativas que assinalam os 50 anos da revolução.
“Estamos já a trabalhar nos conteúdos”, indicou Vasco Lourenço, ao falar do projeto lançado pela Associação 25 de Abril, mas que ficará sob gestão da Associação Turismo de Lisboa (ATL).
O Estado cede as instalações e financia o projeto, cabendo à Câmara Municipal de Lisboa assegurar as obras na praça e a gestão do equipamento cultural, através da ATL. “Somos os responsáveis pela implementação, não queremos ser os donos”, sublinhou o coronel Vasco Lourenço, que continua a preferir ser chamado pelo posto de capitão, que considera ser “o melhor de todos”.
“Queremos usar as tecnologias todas que hoje são possíveis para que ali se diga o que é que ali aconteceu e como aconteceu”, explicou o capitão de abril, que hoje recordou os tempos em que foi porta-voz do Movimento das Forças Armadas (MFA) ao falar à comunicação social, no final da apresentação oficial.
O centro reunirá elementos para deixar um testemunho, especialmente às gerações mais jovens, sobre o estado do país antes do 25 de Abril de 1974 e os motivos da revolução: “É preciso que se saiba o que era o país e porque é que foi necessário fazer o 25 de Abril”.
Vasco Lourenço lembrou as muitas solicitações que neste ano de comemoração do cinquentenário a Associação 25 de Abril tem recebido para se deslocar às escolas.
O Centro Interpretativo ficará instalado num dos locais mais relevantes da operação militar que depôs o regime.
Durante a apresentação, Vasco Lourenço admitiu que não se sente um herói. “O nosso maior mérito [dos capitães] foi aproveitar as condições que foram criadas por muitas lutas”, declarou, enumerando a resistência dos presos políticos, as lutas estudantis e de outros opositores ao regime.
No âmbito da programação oficial, está também prevista a reabertura do Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche, em 27 de abril, o dia em que foram libertados os presos políticos, avançou a diretora do espaço, Aida Rechena.
A nível académico, o congresso internacional dedicado ao 25 de Abril, a realizar de 02 a 04 de maio, na Universidade de Lisboa, conta já com mais de 200 inscrições, avançou a comissária executiva Maria Inácia Rezola.
A mesma responsável referiu que em 2025 serão celebradas as primeiras eleições livres e em 2026 a aprovação da Constituição da República, atualmente em vigor.
O programa inclui várias iniciativas junto de escolas, espetáculos, exposições, colóquios e edições literárias até 2026.
Segundo a historiadora, muitas editoras têm solicitado à comissão a utilização do selo das comemorações oficiais.
A comissão inaugura hoje na plataforma eletrónica um espaço para que cada cidadão possa apresentar propostas e acompanhar o que está a ser feito.
A “Operação Fim de Regime” foi desencadeada na madrugada de 25 de abril de 1974, sob a liderança de jovens capitães e pôs fim a 48 anos de ditadura em Portugal.