Gostava de te falar do trivial. Do que faço no dia a dia . De que hoje, por exemplo, encontrei a D. Amélia e ela me contou do filho e da nora, entre os gatafunhos das palavras e o salpico das lágrimas a quererem derreter o lenço de papel.
Gostava de te contar que comprei um casaco bege com botões castanhos e que inventei uma receita nova com cogumelos. Que a minha anca me doeu ontem e que as minhas enxaquecas andam brandas.
Gostava de te contar das coisas breves, inúteis e tontas que somadas nada são no realizar dos sonhos,mas são o dia em que nos metemos. Dizer-te que durmo pouco e que desejo sonhar no sono o sonho que me acompanhou acordada e que isso nunca acontece.
Gostava de esquecer a tua ausência e dissertar sobre a tua reserva. Mas sei que nada do que gostaria de falar é importante. Se o fosse ,perguntarias; se o fosse eu diria sem me perguntares.