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Em Anhões e Luzio o cozido à portuguesa ainda é feito à antiga

© DR

Nas aldeias de Anhões e Luzio, em Monção, o cozido à portuguesa é confecionado à moda antiga e vai ser servido, em fevereiro, numa festa que pretende preservar as raízes rurais das duas comunidades.

A segunda edição da iniciativa o “Campo em Festa”, depois de um interregno de quatro anos, por causa da pandemia de covid-19, vai decorrer no primeiro fim de semana de fevereiro, depois de oito meses de trabalho agrícola e pecuário.

Todos os ingredientes do cozido à portuguesa, das batatas às couves-galegas e aos animais, foram produzidos por 70 dos cerca de 200 habitantes que vivem nas duas aldeias vizinhas, localizadas no vale do Gadanha, a cerca de 15 quilómetros da sede do concelho de Monção, no distrito de Viana do Castelo.

“Queremos preservar as raízes rurais e promover o que é produzido nas nossas terras, o que só é possível porque temos uma comunidade empenhada em ajudar e a trabalhar quase diariamente neste regresso do evento”, afirmou à Lusa o presidente da União de Freguesias de Anhões e Luzio, Amâncio Alves.

Responsável pela organização do “Campo em Festa”, marcado para os dias 03 e 04, associado à iniciativa “Produzir em modo biológico”, o autarca não tem dúvidas que o cozido à portuguesa de Anhões e Luzio “tem um sabor único e genuíno”.

“É feito como os nossos pais e avós ensinaram, fruto da lavoura e da criação de animais”, sublinhou Amâncio Alves.

Em abril de 2023, foram semeadas as batatas e as couves-galegas, fertilizadas com “estrume dos currais”. Em julho, a população uniu esforços para criar 15 porcos e 250 galinhas, em regime semiaberto, e alimentados com os produtos da lavoura.

“Os porcos e as galinhas foram criados como antigamente e as três vacas de raça Barrosã, compradas a explorações locais, cresceram em liberdade na serra da Anta”, explicou o autarca.

Os enchidos, que durante cinco dias foram feitos pelas mãos de 30 habitantes, defumaram ao ar puro da serra.

O cozido à portuguesa vai ser servido em travessas de barro, no interior de uma tenda aquecida, com 2.500 metros quadrados, instalada perto do santuário do Senhor do Bonfim.

“Durante os dois dias, esperamos servir entre duas a três mil refeições, sendo que este número pode variar consoante os ingredientes que temos disponíveis, por isso é que pedimos que efetuem as reservas antecipadamente”, observou o autarca.

A tenda vai ser dividida numa área de degustação, com capacidade para mais de 1.300 lugares sentados, e outra com 18 expositores de produtos locais e regionais.

O programa do “Campo em Festa” inclui animação com música portuguesa, cantares ao desafio, rusgas, gaitas, grupos de bombos e charangas de Monção e da vizinha Espanha.

A primeira edição, em 2020, recebeu mais de quatro mil visitantes, número que a organização espera superar este ano. A menos de duas semanas do evento, a organização já recebeu 1.112 reservas.

As receitas que resultarem do “Campo em Festa” vão servir para pagar as despesas e o restante, “se sobrar”, vai ser investido na recuperação do património natural e cultural de Anhões e Luzio.

“Junto ao rio Gadanha temos 26 moinhos que queremos recuperar. Muitos estão abandonados e a pouco e pouco temos vindo a reconstruí-los. Dois já estão a moer”, adiantou Amâncio Alves.

A recuperação daquele património surgiu na sequência de outro projeto da União de Freguesias, intitulado “Relembrar”.

Através de um documentário, a autarquia pretende transmitir às novas gerações o “saber de uma vida rural, ensinando a semear o milho, a colhê-lo, moê-lo no moinho e, fazer o pão”.

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