O conceito de fair play é um dos principais valores inerentes ao ideal olímpico concebido por Pierre de Coubertin.

Para Lenk (1987) o fair play tem dupla natureza, dividindo-se em fair play formal e informal. Segundo o autor, o fair play formal caracteriza-se pelo cumprimento das regras e regulamentos, representando assim uma “norma-obrigação” do competidor.

O fair play informal representa os valores morais do praticante, através das atitudes cavalheirescas ou simpáticas do competidor em relação aos adversários e árbitros. Este tipo de fair play não é regulamentado, o autor considera-o uma “norma-dever” legitimado socialmente.

Fair play significa muito mais do que o simples respeito às regras, cobre as noções de amizade, de respeito pelo outro, e de espírito desportivo, representa um modo de pensar, e não simplesmente um comportamento.

O conceito abrange a problemática da luta contra a batota, a arte de usar a astúcia dentro do respeito às regras, o doping, a violência (tanto física quanto verbal), a desigualdade de oportunidades, a comercialização excessiva e a corrupção. Especialistas de diversas áreas, especialmente da educação física, têm apontado os benefícios da actividade desportiva na infância, e também alertam para o aspecto demasiadamente competitivo em tenras idades, muitas vezes imputado a essa prática.

No entanto, por acreditar que o desporto favorece o desenvolvimento humano, ele pode ser considerado como importante elemento da cultura, com relevância nos programas educativos, mas também como um elemento de comparação, seleção e competitividade, que conduz, em certas circunstâncias, a excessos, submetendo as crianças, durante a actividade desportiva, a assumir responsabilidades de adultos para as quais elas podem não estar preparadas.

Nos últimos anos, o comportamento dos jovens perante o desporto tem sofrido alterações. Alguns comportamentos mais frequentes são: praticar agressões, adoptar comportamentos violentos e faltar com o respeito a adversários e árbitros.

Os valores que a sociedade transmite ao Desporto, tais como a honestidade, a lealdade, a sinceridade, a limpidez de processos, a dignidade, a correção de atitudes, o respeito mútuo entre quem participa na competição desportiva e o respeito inequívoco por regras de condutas cívicas e desportivas por parte de quem é responsável pela orientação desportiva, tendem cada vez mais a serem irrelevantes e a estarem em vias de extinção isto porque deveriam ser os adultos a fomentarem esses mesmos exemplos.

Como referenciado anteriormente, a prática desportiva pode proporcionar uma correta transmissão de valores, pelo que a sua qualidade está dependente das situações criadas na prática desportiva e da importância dada pelo treinador/professor/educador ou outro agente de socialização. Os valores devem ser sublinhados através de uma postura ética em relacionamentos inter-pessoais.

No desporto este parâmetro é trabalhado através do respeito mútuo, da honestidade, do cavalheirismo, do respeito pelas regras, ou seja, através do fair play. Portanto, é preciso que a prática desportiva seja orientada pedagogicamente,fortalecendo as noções de ética e cidadania.

Deparámo-nos hoje com as mais variadas formas de corrupção e anti-ética praticada por aqueles que deveriam dar o exemplo. Treinadores que querem subir na carreira e ganhar a qualquer custo, dirigentes a querer enriquecer e praticarem o maus exemplos.

Excelente questão essa, a de como podemos ajudar a estimular o senso de ética nos jovens. No meu entender o mesmo deve “vir do berço”, cada vez mais, e ser estimulado pelos seus treinadores/professores/educadores. Hoje em dia cada vez é mais difícil derivado a diversos factores, um dos quais e muito importante a separação dos pais. No entanto existem algumas formas de ajudar a desenvolver esse senso de ética.Trabalhar em grupo, desenvolver capacidades cognitivas, respeitar o corpo, trabalhar o equilíbrio emocial (aprender a ganhar e a perder) são no meu entender algumas das mais importantes.

Será muito importante portanto ter atenção no recrutamento desses treinadores/professores/educadores de desporto na mais tenra idade, devendo eles sim serem exemplos para os mais jovens, isto porque o futebol e o desporto deverá continuar a ser uma escola de virtudes e valores.