Até lá, finge que usas smoking e um laço preto e que as meias que calças tem a cor do gato preto da vizinha.
Finge que eu rodopio de cintura fina e pernas ajeitadas dentro de meias sedosas sem ponta de veias salientes e derrames calcinados.
Finge que a minha boca brilha como se ferida de batom , que não me doem os joelhos nem o coração me sufoca os pulmões.
Olha, não te devia ter dado alho a comer ao almoço, mas até finjo que o teu hálito tem a liquidez dos beijos que outrora puxavas e as nossas dentaduras não chocalham dentro dos maxilares.
Pensando bem, não finjas.
Dança comigo mesmo assim, porque és meu palco e minha orquestra, música e vida. E não te trocaria por nenhum Clooney ou Pitt. Eles nunca saberiam chegar comigo até onde cheguei contigo e nunca saberiam ter-me na dança, como tu me tens.
Mas não me pises os pés, principalmente o direito. Tenho um joanete desgraçado a atormentar-me. Apenas isso, tudo o mais é maravilhoso, porque estou nos teus braços e a música é bailado de almas