“Anima-te”
“Precisas de espairecer”
“Não fiques triste”
“Há pessoas em situações piores do que a tua”
“Queixas-te mas tens tudo”
Quantas vezes ouvimos estas expressões (com a melhor das intenções) de familiares, amigos e conhecidos?
Fomos feitos para estarmos sempre felizes. As pessoas não sabem lidar com a nossa tristeza… nem nós próprios.
Isto tem, muitas vezes, raízes na nossa infância, quando tentavam eliminar e/ou impedir o nosso choro, a todo o custo e afirmavam que eramos feios se chorássemos.
Portanto, aprendemos a evitar a tristeza, como se ela fosse algo mau, que não serve para nada, que nos pode até deixar doentes. Pois é precisamente o contrário. Não sentir, não sentir a tristeza, abafar certas emoções é que nos pode levar à doença.
A tristeza desempenha funções importantes e adaptativas. Ela promove a reflexão, a organização interna e a conexão com a nossa própria história; ela lentifica-nos como forma de assegurar uma análise detalhada da informação. Por outro lado, ela dá sinais aos que nos rodeiam de que precisamos de apoio. É disso mesmo que precisamos. Vamos trocas as afirmações acima por colo, por compreensão, por escuta, por espaço e respeito pelo que sentimos. Podemos antes dizer “Não faz mal chorares”, “Estou a ouvir-te”, “Posso ajudar-te?”, “Precisas de um abraço?”. Por vezes, é só disso que precisamos.
Maria João Azevedo