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A operação Tutti-Frutti e o estado da democracia

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A operação Tutti Frutti começou em 2016. A investigação começou depois de várias denúncias anônimas relacionadas com a contratação da empresa “AmbiGold”, que “ganhou” contratos para a limpeza e conservação de jardins de três freguesias, após estas denúncias  foi aberta uma investigação, que até hoje não teve “protagonistas” ou mesmo acusações.

A investigação da operação Tutti Frutti revela agora novos dados, depois da exibição da investigação na TVI/CNN, na passada terça-feira, demonstrou uma alegada conspiração entre dirigentes do PS e PSD para negociar lugares políticos entre juntas de freguesias e distribuição de cargos fictícios. Mas não existem arguidos constituídos até hoje, a PGR não enviou comunicado sobre o processo, que se encontra em segredo de Justiça.

Na sequência das notícias verificadas, penso que a Imprensa deveria ter mais cuidado ao divulgar este tipo de investigações, não existem acusações ou mesmo arguidos.

Um caso desta dimensão que demora 7 anos a ter qualquer tipo de intervenção é uma afronta ao sistema de justiça em Portugal, esse sim deveria ser escrutinado e avaliado.

 O Ministério Público na sua inércia teve a pior das suas condutas, não respeitou o segredo de justiça do processo, sendo que, a Imprensa aproveitou para fazer na praça pública, o que os tribunais deveriam fazer no seu espaço próprio e com as suas regras.

As conversas, agora públicas são graves, revelam um desprezo enorme pelos cidadãos e pela Democracia e a conduta deve ser punida de forma exemplar.

O jornalismo deve ser feito de verdade, independente e serviço público, o que neste caso não acontece, todos se aproveitaram de um erro grosseiro do Ministério Público, esse sim, deveria ser posto em causa, ser feita uma reflexão e um debate profundo à forma como actua.

O jornalismo desempenha um papel fundamental na democracia ao fornecer informações precisas, relevantes e imparciais aos cidadãos. A sua função é a de investigar, relatar e analisar os eventos e questões que afectam a sociedade, permitindo que as pessoas formem opiniões informadas e participem activamente no processo democrático.

A independência das instituições jornalísticas é um elemento crucial para o bom funcionamento da democracia. Os jornalistas devem ter liberdade para procurar a verdade, reportar os factos de maneira objetiva e desafiar o poder estabelecido. A independência significa que não devem ser influenciados por interesses políticos, económicos ou corporativos, mas sim actuar como vigilantes do poder e fiscalizadores dos governos e outras instituições.

No entanto, a independência jornalística enfrenta desafios em diferentes contextos. Pressões políticas, ameaças físicas, interferências econômicas e a propagação de desinformação são apenas alguns exemplos de obstáculos que os jornalistas podem enfrentar. 

Portanto, é importante que haja protecções legais e políticas que garantam a liberdade de imprensa, o pluralismo e a segurança dos profissionais de jornalismo.

Para terminar, em algumas circunstâncias, as instituições precisam da autopromoção para ganhar popularidade ou legitimidade. Isso pode acontecer quando enfrentam desafios financeiros ou políticos e desejam manter ou aumentar seu poder. Nesses casos, há o risco de que tais instituições usem o jornalismo como uma ferramenta de propaganda para promover as suas agendas e interesses particulares, em vez de servir o interesse público.

A linha entre o jornalismo credível e o interesse das instituições democráticas em promoverem-se pode ser desafiadora. É essencial que o jornalismo se mantenha independente e vigilante, procurando a verdade e credibilidade das instituições públicas acima de tudo. Os cidadãos também têm a responsabilidade de procurarem informações confiáveis e serem críticos em relação às narrativas apresentadas. Só assim, na minha opinião, a democracia e o estado de direito podem ser verdadeiramente protegidos e fortalecidos.

João Fernandes

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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