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Catedral de Manchester vai expor trabalho de emigrantes

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Clique para ampliar Uma enorme “manta” de adufes, fitas e rendas vai ser suspensa na Catedral de Manchester em julho, num projeto em que a arquiteta Cristina Rodrigues envolveu mulheres da diáspora portuguesa daquela região inglesa.

A peça, de sete metros de altura e cinco metros de largura e quase 200 quilogramas de peso, esteve exposta no Mosteiro dos Jerónimos no ano passado.

“Queria trazer a peça ao Reino Unido e queria que fosse em Manchester porque é onde eu vivo”, Cristina Rodrigues disse à agência Lusa.

É composta por 63 adufes ligados por fitas e rendas entrançadas e foi feita durante seis meses por mulheres em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, onde Cristina Rodrigues tem um ateliê no Centro Cultural Raiano, Museu de Etnografia de Idanha-a-Nova.

A diferença é que a obra está a ser “enriquecida com fitas entrançadas” por mulheres emigrantes portuguesas residentes em Manchester e Wrexham, no país de Gales, com quem Cristina Rodrigues se encontra nas tardes de sábado.

“A comunidade portuguesa ainda é vista com preconceitos. Queria que a minha comunidade se mostrasse numa peça de arte contemporânea que tem viajado pelo mundo e é toda participativa. A arte contemporânea não é para intelectuais, deve ser acessível para todas as outras pessoas”, defendeu.

Cristina Rodrigues explicou que a ideia para a criação desta peça surgiu quando fazia um trabalho de investigação sobre o meio rural e a desertificação do interior de Portugal chamado “Museu Rural do Século XXI”.

Durante muitas horas, fotografou, filmou e registou o fabrico do adufe, um instrumento de percussão cujas origens remontam à Idade Média e que é característico da zona raiana, na Beira Interior.

Para a “manta”, os adufes são interligados com fitas entrançadas com rendas e entremeios antes cosidos aos lençóis do enxoval de cores garridas, uma referência ao vestuário tradicional daquela região

A malha dos vários elementos representa também as histórias de vida “com uma carga muito forte” que as mulheres contavam enquanto trabalhavam nos objetos, explicou.

Uma versão desta “Manta”, mais pequena mas também entrançada pela artista e mulheres emigrantes no Reino Unido, estará exposta a partir de sábado galeria Zweigstelle, em Berlim.

“É interessante mostrar uma nova faceta da comunidade, mais ativa culturalmente”, enfatizou Cristina Rodrigues.

Na capital alemã vai estrear “The House” [A Casa], um novo projeto com famílias migrantes da região de Manchester, em cuja universidade Cristina Rodrigues é investigadora e professora.

Durante vários meses, recolheu peças de mobiliário, como cadeiras ou mesas, que depois transformou usando elementos tradicionalmente usados pelas mulheres portuguesas, como fitas, passamanes, rendas ou sabonetes.

Ao mesmo tempo, procurou conhecer as pessoas a quem pertenceram, nomeadamente iranianos ou chineses, assumindo-se como uma “etnógrafa a fazer arte”.

Cristina Rodrigues resume: “o meu trabalho fala do valor da memória e do valor das histórias associadas a cada objeto. Os objetos perdem a sua função, mas continuam a contar uma narrativa”.

Depois de Berlim, o trabalho de Cristina Rodrigues vai ser exposto na capital da Roménia, Bucareste, no Museu do Camponês, a 10 de junho, em simultâneo com uma mostra fotográfica no Consulado de Portugal em Manchester.

Para 2014 estão ainda programadas exposições em Espanha e República Checa.

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