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Produtores de vinho do Douro pedem autorização para destilar excedente

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As adegas e associações de produtores do Douro reclamaram a destilação do vinho excedente desta vindima para ajudar as cooperativas que absorveram as uvas dos viticultores recusadas por grandes empresas, e estão a ficar numa situação “dramática”.

“O que nós propomos é que haja uma destilação para esta vindima. As adegas não conseguem acomodar toda a uva que estão a receber e estamos a falar, em alguns casos, de 50% a mais do que é a média dos últimos anos. Isto é incomportável financeiramente”, afirmou Rui Paredes, presidente da Federação Renovação do Douro (FRD) – Casa do Douro.

A reunião entre a FRD e a Associação da Lavoura Duriense com representantes de adegas da Região Demarcada do Douro decorreu, na Casa do Douro, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, numa altura em que as vindimas se aproximam do fim.

A reunião serviu para ouvir as preocupações das cooperativas e delinear estratégias. 

“E é necessário que haja uma intervenção do Estado e do Governo, para que seja feita uma destilação, pelo menos, da vindima de 2023”, defendeu Rui Paredes, explicando que a destilação para aguardente seria do vinho excedente desta vindima.

E, na sua opinião, “só desta forma é que se consegue libertar ‘stocks’ e fazer com que as adegas fiquem com algum desafogo financeiro para minimizar este impacto que é brutal”.

“Porque são elas que estão a ser o amortecedor do impacto da não-receção de uvas por parte de muitos operadores. Não vale a pena dizermos que há excesso de produção. Estamos com valores normais de produção, e estamos com uma quebra de 10% no valor das vendas nos mercados externo e interno”, considerou.

Nesta vindima verificou-se que grandes empresas de vinho não compraram uvas ou compraram em menos quantidade aos viticultores, ao contrário do que costumava acontecer. 

Em consequência, Rui Paredes alertou para dificuldades sentidas a nível da armazenamento.

A adega de Sabrosa, que já terminou a vindima, teve um acrescimento de produção na ordem dos 10%.

“Para uma adega pequena, que tem pouca capacidade, é muito. Neste momento temos tudo cheio”, disse Celeste Marques, que referiu que a cooperativa também sentiu o impacto na quebra das vendas em resultado da queda do poder de compra dos consumidores.

Celeste Marques explicou que as adegas têm de receber as uvas dos associados e criticou a postura de grandes empresas que, em plena vindima e, em algumas situações, no próprio dia, comunicaram aos viticultores que não iam receber mais uvas. 

“E apareceram-nos pessoas a chorar a pedir por favor para recebermos as suas uvas”, referiu. 

Rui Paredes defendeu ainda que é preciso “refinanciar as adegas cooperativas”, algumas delas que já estavam a viver uma “situação dramática” em termos financeiros.

“É importante que não deixemos perder este património. Este ano, se não fossem as adegas cooperativas, era um desastre”, frisou.

Importante também, destacou, é a promoção dos vinhos no exterior.

Neste sentido criticou a cativação de verbas do IVDP por parte do Estado, que resultam das taxas pagas pelo setor, e defendeu que estas têm de ser descativadas em janeiro e não a meio do verão, como aconteceu este ano, de forma a serem aplicadas em ações de promoção.

“Ao mesmo tempo é fundamental termos também um reforço de verbas. Se nós estamos a perder vendas, a consequência tem de ser reforçar a promoção nos mercados que nós entendemos que estão em queda ou que são emergentes”, sublinhou. 

Tal como em anos anteriores, também este ano viticultores venderam a “uva sem preço”, ou seja, entregaram o fruto ao operador e só depois é que vão saber quanto vão receber.

Para colmatar esta questão, as associações representantes da produção propõem para 2024 um “contrato de vindima”, que seria celebrado entre quem vende e quem compra, com conhecimento ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

Nesse contrato, explicou Rui Paredes, ficaria definido o preço a que as uvas seriam compradas e a quantidade.

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