O Papa apelou à celebração do Natal com “sobriedade”, trocando o consumismo pela atenção a quem sofre com a guerra, a miséria e a solidão.
“Desejo uma vigília de Natal na oração, no calor dos afetos e na sobriedade. Permitam-me um conselho: não confundamos a festa com o consumismo”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
“Que Deus, que tomou para si um coração humano, infunda humanidade no coração dos homens”, acrescentou.
Perante milhares de pessoas reunidas junto ao presépio e árvore de Natal que marcam esta quadra, na Praça de São Pedro, Francisco destacou que “se pode, e deve-se, festejar como cristão com simplicidade, sem desperdícios e partilhando com aqueles a quem falta o necessário ou falta companhia”.
“Estejamos próximos dos nossos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra, pensemos na Palestina, Israel, Ucrânia. Pensemos também nos que sofrem por causa da miséria, da fome, da escravidão”, apelou.
A reflexão dominical usou a imagem da “gentileza de Deus” para falar do espírito do Natal.
“Deus ama assim e chama-nos a fazer o mesmo, acolhendo, protegendo e respeitando os outros. Pensar em todos, pensar em quem é marginalizado, também quem está longe da alegria do Natal, nestes dias: pensemos em todos com a gentileza de Deus”, recomendou.
Perguntemo-nos então, na Vigília de Natal: quero deixar-me envolver pela sombra do Espírito Santo, pela doçura e mansidão de Deus, pela gentileza de Deus, abrindo-lhe espaço no meu coração, aproximando-me do seu perdão, da Eucaristia? E depois: para quais pessoas sozinhas e necessitadas poderia ser uma sombra que restaura, uma amizade que consola?”.
O Papa falou da passagem do Evangelho segundo São Lucas, lida nas celebrações do quarto domingo do Advento, que retrata a anunciação do nascimento de Jesus a Maria.
“O anjo descreve exatamente o modo como o Espírito desce sobre Maria, o modo de Deus fazer as coisas: age como um amor gentil que abraça, fecunda e protege, sem fazer violência, sem ferir a liberdade”, precisou.
Francisco desejou que esta imagem inspire os cristãos a ser “delicados e respeitosos, cuidando dos outros com gentileza”.
O Papa preside à chamada Missa do Galo esta tarde, na Basílica de São Pedro, pelas 19h30 (menos uma em Lisboa); já no dia de Natal, concede a bênção ‘urbi et orbi’ (à cidade [de Roma] e ao mundo), pelo meio-dia de Roma.