“Olá Pai/Olá Mãe”, esquema de burla que lesou empresas em milhares de euros
A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta sexta-feira ter detido dois indivíduos estrangeiros de 23 e 26 anos suspeitos de “vários crimes de burla informática, falsidade informática e acesso ilegítimo associados ao crime de branqueamento de capitais”.
Os detidos terão lesado “duas empresas estrangeiras em milhares de euros”, refere a PJ em comunicado, adiantando que a detenção foi realizada pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica, em cooperação com o Departamento de Investigação e Ação Penal da Amadora/3ª Secção, e que foram apreendidos “equipamentos móveis e objetos relacionados com a prática criminosa”.
A existência de perto de 85 mil euros em contas bancárias de uma empresa, constituída para fins ilícitos por um dos detidos, levou ao início da investigação policial em meados de junho de 2023.
Os fundos em causa terão sido obtidos através de operações de BEC (‘business e-mail compromise’), um tipo de ataque de ‘phishing’ – tentativa de apropriação fraudulenta de dados ou dinheiro por meios informáticos – que tem como principal alvo empresas e que também é designado de CEO Fraud (fraude do diretor executivo).
“No desenvolvimento da investigação, foi possível apurar que estes dois suspeitos foram recetores de vários montantes, provenientes de burlas associados ao esquema conhecido por «Olá Pai/Olá Mãe»”, adianta o comunicado.
A burla designada como “Olá Pai/Olá Mãe” é realizada através de mensagem escrita, maioritariamente através de ‘WhatsApp’, remetida de um número de contacto identificável. Os suspeitos apresentam-se como familiar próximo (filho) da potencial vítima, argumentando que o telemóvel avariou ou se perdeu, que o contacto telefónico passa a ser aquele que estão a usar até comprar novo equipamento e pedem dinheiro (via transferência bancária ou envio por aplicação) para esta compra ou reparação, considerando-a urgente.
Na quinta-feira, a PSP disse ter recebido em janeiro 260 denúncias relativas à referida burla.
Os detidos pela PJ foram presentes a interrogatório judicial e foi-lhes aplicada a medida de coação de apresentações duas vezes por semana às autoridades.