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“Nós conseguimos ser a melhor versão da diplomacia portuguesa”

© Lusa

O recente projeto da Repsol em Sines, de mais de 600 milhões de euros, e a fábrica de cosméticos da Amyris Bio Products são exemplos de como a diáspora pode ajudar a atrair investimento e talento para Portugal.

Esta é uma convicção do presidente da Direção do Conselho da Diáspora Portuguesa, António Calçada de Sá, que, em entrevista à Lusa, falou do “enorme potencial de Portugal” e de como os já 160 membros desta organização não-governamental podem ajudar. 

“Éramos 80 há dois anos. Neste momento somos 160. No final deste ano seremos 200”, disse Calçada de Sá, um crescimento da rede, espalhada por 40 países de todos os continentes, que diz demonstrar a vontade de participar.

“Nós conseguimos ser a melhor versão da diplomacia portuguesa fora de Portugal, conseguimos vender a marca Portugal lá fora”, sublinhou, lançando o apelo aos portugueses espalhados pelo mundo para fazerem “mais e melhor” com o propósito de “atrair interesse para Portugal, não só na área económica e no investimento, mas na academia, nas ciências, na cultura, na cidadania”.

Questionado sobre exemplos dessa ação, Calçada de Sá menciona o projeto da Repsol para duas fábricas de materiais poliméricos de alto valor acrescentado em Sines, um investimento de 657 milhões de euros, o maior investimento industrial em Portugal nos últimos 10 anos.

“Este investimento, não quer dizer que dependa da minha ação, mas eu ajudei a que isto acontecesse (…) fiz tudo o que estava ao meu alcance”, garantiu o gestor, atualmente também Presidente da Fundação Repsol mas que foi membro do comité executivo da empresa espanhola e Presidente da Repsol Portugal.

Outro exemplo que apontou foi o do investimento de 60 milhões de euros da Amyris Portugal, uma subsidiária da empresa norte-americana com o memso nome, na produção e exportação a partir de Portugal de cosméticos, conseguida por John de Melo, diretor executivo da empresa sediada na Califórnia.

“O meu apelo à diáspora é, digamos, bidirecional. Ou seja, eu acho que nós temos que conseguir trazer para Portugal recursos financeiros, recursos académicos, repatriar talento para Portugal, apoiar a inovação em Portugal e sermos mais positivos”, declarou Calçada de Sá.

“Portugal, o que não pode nem deve, é ser prisioneiro do seu fado, de país pequeno” e por isso, cá dentro, é preciso, “sair da caixinha e ganhar”, porque “somos muito bons a jogar nas equipas estrangeiras, mas temos sempre vergonha de ser campeões do mundo”, sublinhou o gestor.

Questionado sobre o que as instituições e os decisores públicos podem fazer para atrair essa vontade de investir ou de participar, Calçada de Sá, com uma carreira de duas décadas no estrangeiro, desmistificou a ideia de que a burocracia em Portugal é mais pesada do que noutros países, mas apontou também dificuldades.

“Um dos grandes problemas que temos em Portugal, é que normalmente os projetos têm muitos donos. Diria que tem demasiados donos e, portanto, o problema é como se consegue executar aquilo tudo, porque quando não é este ministério é o outro e se não é esta secretaria de Estado são outras, e a seguinte…”, o que dificulta encontrar “um ponto de acordo relativamente a projetos”.

O EurAfrican Fórum, evento organizado anualmente pelo Conselho da Diáspora, que este ano vai decorrer a 18 e 19 de julho, é uma oportunidade para mostrar projetos e proporcionar o encontro de interesses, sublinhou na entrevista o presidente desta organização não-governamental.

“Há portugueses sentados nos ‘boards’ de algumas das maiores empresas do mundo, na banca, na consultoria”, em instituições e empresas da ciência, da cultura, do mundo académico, que “têm motivação” mas, alertou, “é preciso dizer-lhes um bocadinho qual é o ‘roadmap’ para que isto aconteça”, um papel que os membros e conselheiros da diáspora fazem.

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