Leiria celebra 25 anos da descoberta do “Menino do Lapedo”
Várias iniciativas assinalam, a partir de terça-feira, 25 anos da descoberta, em Leiria, da “Menino do Lapedo”, acontecimento marcante da paleoantropologia internacional, por se tratar do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica.
O programa para comemorar a descoberta da “Menino do Lapedo”, um esqueleto com cerca de 29 mil anos, e do Abrigo do Lagar Velho prolonga-se até ao final de 2024 e “inclui conferências, conversas, mesas-redondas, exposições, residências artísticas, publicações, em vários formatos, percursos pedestres e atividades performativas e educativas, de distintas naturezas”, anunciou a Câmara de Leiria, explicando que a comunidade escolar do concelho vai ter um programa específico.
Segundo a autarquia, a descoberta da “Menino do Lapedo” (anteriormente designado de “Menino do Lapedo”) é, “inequivocamente, uma das mais relevantes descobertas do Paleolítico Superior português, a par do complexo de gravuras rupestres do Vale do Côa”.
Na terça-feira, quando passam 25 anos da descoberta, é oferecido um exemplar do livro “A Menino do Lapedo” aos alunos do 4.º ano da escola do 1.º ciclo de Santa Eufémia, onde se situa o Abrigo do Lagar Velho, sendo que às 20:00, na junta de freguesia, realiza-se a conferência “Os trabalhos arqueológicos no Abrigo do Lagar Velho”.
“Integra o programa uma residência artística de Michael Jones McKean sobre o Abrigo do Lagar Velho e a ‘Menino do Lapedo’, no âmbito do projeto internacional Twelve Earths, visitável em www.twelveearths.com”, divulgou a autarquia.
O autor, que está a “desenvolver este projeto multidisciplinar que dará origem à escultura planetária de longa duração ‘Twelve Earths’, desde 2017, formaliza agora uma residência no Museu de Leiria e no Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho, onde trabalhará no desenvolvimento da obra de arte e de uma série de atividades e programas relacionados com o Abrigo do Lagar Velho, ao longo dos próximos anos”.
Ainda este ano, no dia 14, está prevista uma visita ao Museu Nacional de Arqueologia para observação do esqueleto da “Menino do Lapedo” e, no Museu Nacional de Etnologia, a apresentação do programa de interpretação e comunicação do Vale do Lapedo, denominado “Menino do Lapedo – Uma Proposta de Viagem”, elaborado pelo grupo de projeto estabelecido pelo protocolo celebrado entre o Ministério da Cultura e o município.
Este programa vai ser reapresentado, dois dias depois, no Museu de Leiria.
Em 2024, uma exposição, uma conversa, uma mesa-redonda, uma conferência e a apresentação de livros, em Língua Gestual Portuguesa e multiformato, foram as iniciativas já anunciadas.
Em fevereiro último, a Câmara de Leiria aprovou um protocolo com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) para valorizar o Vale do Lapedo.
O acordo estabeleceu “uma parceria visando destacar a importância do Vale do Lapedo”, na União de Freguesias de Santa Eufémia e Boa Vista, “para a compreensão da evolução humana e da história dos primeiros hominídeos na Península Ibérica”.
No documento, as duas entidades comprometeram-se a “conceber, estruturar e propor um programa de interpretação e comunicação relativo ao Vale do Lapedo, no conjunto dos seus valores e valências de cariz cultural e natural”.
Através do acordo foi criado um grupo de projeto do qual fazem parte António Carvalho (da DGPC, que coordena), a vereadora da Câmara de Leiria Anabela Graça, o arqueólogo João Zilhão (que liderou a primeira equipa que trabalhou no local onde foi encontrado, em novembro de 1998, o “Menino do Lapedo”), a arquiteta paisagista Aurora Carapinha e o escritor Gonçalo Cadilhe.
Então, foi anunciado que o programa de interpretação e comunicação deveria ser apresentado em 28 de abril, quando cessava o protocolo.
Em 1993, o Município de Leiria, em colaboração com associações ambientalistas da região, propôs a classificação do Vale do Lapedo pelas suas qualidades ambientais. Dez anos depois, o Abrigo do Lagar Velho foi classificado como Monumento Nacional.
Já em 2021, o esqueleto da “Menino do Lapedo” e artefactos arqueológicos associados foram classificados como bens de interesse nacional, com a designação de tesouro nacional.