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Há um mundo fora do nosso mundo

Faz bem sair da zona de conforto. Limitar os sentimentos, as convicções o estilo de vida a uma só realidade é insistir em ser um dos prisioneiros da caverna de Platão, como conta o pensador no clássico “Mito da Caverna”. O Acre, lugar onde vivo atualmente, é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Segundo o último estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este pequeno Estado no Norte do país tem cerca 816.687 mil habitantes, enquanto o Distrito Federal, minha terra natal, possui mais de 2 milhões de pessoas.

Por ser o maior país da América Latina e um dos maiores do mundo, a riqueza cultural do Brasil é um dos orgulhos que carregamos. No final de setembro de 2017, saí do meu mundinho brasiliense, no Centro-Oeste do país, e tenho aprendido muito sobre compreender outros contextos de vida. “Para desatar o nó deste laço, basta falar três nomes de pessoas fofoqueiras”, disse uma das pessoas que conheci por aqui. Pasmem: ela falou e o nó, de fato, desatou. O lugar ainda carrega as antigas superstições que já não encontramos nas grandes cidades. Claro que, por aqui, cobrir espelhos com toalhas, em tempos de chuva, evita raios. E se eu estou com terçol, certamente é porque recusei comida a alguma grávida.

Até o jeito de se relacionar com as pessoas muda de região para região, no Brasil. Além disso, de forma geral, as pessoas aqui vivem uma rotina mais sossegada, sem a agitação das grandes capitais. “Aqui dá tempo de fazer tudo”, ouvi de uma colega que se mudou para Rio Branco – capital do Acre. Como nem tudo são flores, a violência faz parte do cotidiano dos acreanos. Execuções e conflitos entre facções amedronta a população, diariamente, e são apenas o reflexo da má gestão do governo. Infelizmente, hoje, o Brasil inteiro vive episódios de terror que crescem de maneira proporcional à corrupção na política nacional.

Hoje, sou repórter na TV Acre, uma das afiliadas da Rede Globo, o que me permite também ter contato ainda maior com a população local. Vim para o Norte do Brasil convicta de que, por piores que fossem as experiências, valeriam à pena e me ensinariam muito. No pior das hipóteses, pelo menos renderia inspiração para alimentar um dos meus hobbies: escrever. Sinto que, viver fora do meu meio, automaticamente, me preenche de informações e aprendizados. A rotina previsível e a vida enquadrada em uma caixa gera, nos mais ousados, ânsia de saber o que existe fora daquilo.

Para quem sabe aproveitar, o jornalismo presenteia profissionais da área com o gostinho de experimentar realidades e contar histórias. Pelo Acre, as histórias se diferem muito do que contamos e escutamos em Brasília. Essa é a graça de saber sentir cada lugar e compreender as particularidades das regiões. Mentes fechadas não conseguem enxergar muito além do próprio umbigo: põem defeito em tudo e reclamam mais do que observam. Estou aprendendo e acho que vale repassar: há um mundo fora do seu mundo. Permita-se sentir.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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