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Feminismo para todos: estamos criando seres humanos ou robôs?

Em pleno século 21, o machismo ainda é tema recorrente não só no Brasil – meu país de origem – como no mundo. Para nos situarmos neste cenário, uma pesquisa da Ipsos – um dos maiores e mais importantes institutos de pesquisas do mundo – de fevereiro deste ano, constatou que 18% dos entrevistados – em nível mundial – acreditam que as mulheres são inferiores aos homens.  O estudo foi realizado com cerca de 20 mil adultos em 24 países.

Que a palavra machismo está associada a opressão contra as mulheres não é novidade. O que poucos sabem é que o machismo é também responsável por influenciar negativamente a vida dos homens. É tipo se apoiar num abismo, ou dar um tiro no próprio pé, como preferirem associar. A questão é: machismo não é favorável nem para elas, nem para eles.

A constatação disso foi o resultado da pesquisa realizada em 2016 pela ONU Mulheres e o portal PapodeHomem, com viabilização do Grupo Boticário. Os estereótipos do comportamento masculino causam dificuldades aos homens, já que 66,5% deles não falam com os amigos sobre medos e sentimentos; 45% gostariam de não se sentir obrigatoriamente responsáveis pelo sustento financeiro da casa; e 45,5% gostariam de se expressar de modo menos duro ou agressivo, mas não sabem como.

Diante deste cenário em que meninos são obrigados a gostarem de cores “de menino”, brincarem de super heróis e escolherem profissões “masculinas”, onde fica a liberdade de escolha das crianças para seguirem aquilo que lhes é mais compatível? Pais e mães de meninos, já imaginaram o quanto prejudicam a vida emocional dos pequenos com tanta imposição sobre o que é ser um homem “ideal”, daqueles que não choram, não demonstram afeto e têm que estar 100% disponível para relações sexuais? Fico imaginando como deve ser difícil para os homens lidarem com a figura de “herói durão” e do ideal da virilidade. É tanto que, se um homem é vaidoso, é julgado por seguir uma atitude considerada “feminina”. Que mundo é esse?

Graças à pesquisa da Ipsos, é fácil perceber que ser feminista não é um título que somente as mulheres podem possuir, afinal, ser feminista é lutar por igualdade de gênero, conforme mostra a definição da palavra em qualquer dicionário da língua portuguesa. Para explicar isso, a mesma pesquisa apontou que seis em cada dez entrevistados (58%) se definiriam como feministas, sendo as mulheres mais propensas a isso do que os homens.

Vejo que, com o passar do tempo, esse tipo de discussão pode abrir a mente daqueles que ainda se esquecem de que, antes de sermos vistos como homens que devem vestir roupas azuis e mulheres que devem escolher vestidos cor de rosa, somos seres humanos. Em outras palavras, a imposição de gêneros e estereótipos – atitudes que fazem parte do universo machista – é prejudicial para qualquer um dos dois sexos.

Ser um ser humano significa ter desejos, sonhos e atitudes ímpares. Portanto, permitir que uma criança do sexo masculino demonstre afeto, brinque de boneca ou queira dançar ballet em vez de jogar futebol é dar-lhe o direito de ser um ser humano livre e completo. Paremos de tentar impor um padrão para cada gênero. Estamos criando seres humanos ou robôs? Desta forma, homens em vez de se apoiarem em ideais machistas, podem escolher se tornar agentes de mudança do atrasado conceito de desigualdade de gênero.

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