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Emigrante perdeu 3.000 euros em burla no WhatsApp

© DR

João Silva foi vítima de “Olá, mãe. Olá, pai”: um esquema de burla informática em que criminoso que se fez passar pela sua filha através de mensagens de WhatsApp, conseguindo que lhe enviasse mais de três mil euros em pedidos de ajuda “urgentes”.

Burlões “fazem-se passar por filhos, alegam ter perdido o telemóvel e pedem o envio de dinheiro através de MB WAY, NIB ou de uma referência para pagamento”, explica a PSP numa publicação do Facebook.

Segundo a autoridade portuguesa, esta é uma tendência de burla informática crescente em Portugal e, de acordo com o Jornal de Notícias, só em Marco de Canaveses este ano há registo de uma média de entre seis e sete denúncias mensais de vítimas do esquema “Olá, mãe. Olá, pai”. João Silva foi um deles.

No caso do emigrante de 61 anos, tudo aconteceu quando estava no Luxemburgo, poucos minutos depois de ter conversado com a filha Nádia Silva, radicada na Suíça, através do Messenger no Facebook. 

João Silva recebeu mensagens no Whatsapp enviadas de um número de telefone desconhecido, de alguém que se fazia passar por essa mesma filha, e que lhe pedia dinheiro emprestado para “um pagamento importante”.

O autor das mensagens dizia que estava a usar um telemóvel novo porque o original se avariara, e por isso estava “sem acesso à aplicação” necessária para fazer o pagamento no telefone de substituição, pedindo 1048,55 euros que prometia devolver no dia seguinte.

Tendo acabado de falar com a filha, e sabendo que a mesma estava “a passar um mau bocado”, João Silva fez o pagamento, disse em entrevista ao JN. Mas “o favor” não terminou por ali. Depois do sucesso do primeiro pagamento, João Silva recebeu uma nova mensagem em que a alegada filha dizia que se tinha enganado na referência, enviando uma nova, desta vez com o valor a liquidar de 2195 euros.

Ao terminar de fazer a segunda transferência, João Silva continuou a receber mensagens do burlão, desta vez dizendo que tinha recebido um email com pagamentos que expiravam naquele dia, perguntando novamente se o pai os conseguia fazer por ela.

Desta vez, João Silva respondeu apenas duas horas depois, perguntando quanto era, e dizendo que já só tinha 60 euros. “São 980 euros”, respondeu, perguntando se o benfeitor conhecia alguém que lhe pudesse emprestar o dinheiro, que continuava a prometer devolver na totalidade no dia seguinte.

João Silva considerou pedir à sua outra filha, Magali, de quem “a filha em apuros” dizia não ter o número de telefone. Aqui, já desconfiado, e em contacto com Magali, João Silva concluiu que se tratava de uma burla.

Até à data de publicação desta notícia, não há informação de que as autoridades tenham conseguido identificar a fonte de receção do dinheiro enviado por João Silva, ou o autor do crime. “Estamos a preparar uma queixa junto do Ministério Público” diz Carla Silva, outra filha do emigrante, ainda que “enquanto filhas, não podemos apresentar queixa pelo nosso pai”, acrescenta ao JN.

Este é um esquema que já não é novo, tendo-se tornado uma das burlas informáticas mais recorrentes em Portugal, em especial no ano passado, altura em que a PSP verificou um aumento de 20% deste tipo de burla. 

Têm vindo a surgir também novas variantes tais como “olá irmão” e “olá avô”, em que a  fórmula é quase sempre a mesma, havendo sempre pedidos de transferência de dinheiro “urgentes” e avultados. 

Entre as centenas de vítimas estão a ministra da agricultura e mãe de duas filhas, Maria do Céu Antunes, que chegou a enviar o valor pedido, assim como o antigo presidente do Tribunal Constitucional, João Caupers, que acabou por não transferir a quantia que lhe era pedida uma vez que não tinha o aplicativo MB Way instalado no telemóvel.

A PSP precisa que, nos últimos quatro anos, registou 36.013 denúncias de burlas feitas através da internet, frisando que constituem “um fenómeno criminal em crescendo”, em contraposição com a tendência da criminalidade geral no país, que tem vindo a diminuir.

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