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Cap Magellan quer dar voz a uma “geração de emigração que é diferente”

© Maria Cunha / BOM DIA

A Cap Magellan, associação cultural francesa de promoção da cultura e língua portuguesas entre uma geração de jovens portugueses e lusodescendentes “diferente”, prevê um ano carregado de ações e “novos desafios”. A presidente da associação, Lurdes Abreu, destaca os dois momentos de eleições que se aproximam, as celebrações do 25 de abril e a promoção do ensino superior em Portugal entre os grandes chavões de ação da associação para 2024.

“O nosso objetivo é dar voz aos jovens lusodescendentes em Portugal. Ou seja, não é porque um jovem português está lá fora que não tem os mesmos direitos que um português que está dentro do país, e não é porque um português que hoje em dia está em Portugal e decide ir fazer vida em França que ele perde os direitos”, explica Lurdes Abreu em entrevista ao BOM DIA, com o mesmo “coup de foudre” que diz ter sentido pelo trabalho da associação desde os tempos em que se decidiu envolver enquanto voluntária, em 2018, enquanto estudava em Paris.

Filha de emigrantes portugueses, foi durante os estudos de Direito na Universidade Panthéon Assas (Paris II) que o seu caminho se cruzou com o da Cap Magellan. Muito depressa começou a envolver-se em vários eventos e campanhas e a aperceber-se da dimensão do trabalho desenvolvido pela associação entre os jovens portugueses e lusodescendentes residentes em França, no âmbito da promoção da língua e cultura portuguesas.

“Fiquei sempre admirativa do trabalho da Cap Magellan em todos os eixos de ação: empregos, estudos, cultura, cidadania… Ou seja, eles faziam tudo, e eu como voluntária queria participar em tudo”, explicou Lurdes Abreu, em entrevista ao BOM DIA.

Quando regressou para Portugal, em 2020, trouxe com ela o papel de representante da associação naquele país, e pouco tempo depois foi convidada a assumir o cargo da vice-presidência da Cap Magellan. O objetivo passava por dividir o conselho de administração entre Portugal e França, de modo a promover o trabalho conjunto entre os dois países e, desta forma, aproximando-os.

Hoje, ainda a residir e trabalhar em Lisboa, é a atual e primeira presidente da Cap Magellan a assumir o cargo desde Portugal, empenhando-se por dar continuação ao legado da ex-presidente da organização, Ana Martins. Dividindo o seu tempo entre a associação e o trabalho num banco francês na capital portuguesa, no seu dia-a-dia é como se as fronteiras entre os dois países fossem quase inexistentes.

“Vir a França para estar em contacto com os parceiros, as instituições, trabalhar em certas pastas acaba por ser muito fácil, mas eu acho que é também importante ter a representação em Portugal porque trabalhamos com parceiros públicos, entre os quais instituições portuguesas, e acaba por ser muito mais fáci, e dar muito mais peso se for alguém da associação a negociar diretamente”, explica.

“Há uma geração de emigração que é diferente e os jovens lusodescendentes também são diferentes, aos quais temos que dar voz. Acho que foi isso que eu senti na presidência em Portugal: nós estamos a dar mais voz e mais impacto a estas gerações que tentamos representar, e isso é uma riqueza. Se não somos nós a representar tenho medo que não seja ninguém”, diz a presidente.

Passados os primeiros meses no cargo, Lurdes considera que 2023, “foi um ano carregado a nível de eventos, de campanhas e vai se iniciar um ano também cheio de novos desafios”. Em 2024 a Cap Magellan prevê continuar com as suas campanhas de cidadania e segurança, destacando o “Quem vota conta”, campanha especialmente relevante “visto que vão haver duas eleições muito importantes no próximo ano”, relembra Lurdes Abreu.

A associação continuará igualmente o seu papel ativo na promoção do ensino superior português, nomeadamente através da divulgação da “cota 7%”, mas também do ensino superior no geral para “dar a vontade de quem não é português a ir a Portugal estudar”, explica.

A CapMag, publicação mensal, assim como a CapMag Junior, publicação trimestral da Cap Magellan, também irão continuar. Lurdes Abreu destaca a CapMag Junior como um projeto que se tem vindo a revelar muito querido para a associação enquanto “suporte da aprendizagem da língua portuguesa para as crianças, acompanhado pelos vários ateliers pedagógicos”, sendo que a promoção do ensino da língua portuguesa é uma dimensão com a qual a associação se encontra comprometida, e que continuará a assumir nas suas ações.

A Cap Magellan regressará ainda a Portugal no verão de 2024 com o Encontro Europeu de Jovens Lusodescendentes, através do qual anualmente traz 50 jovens com raízes portuguesas ao país para praticarem a língua e trabalharem sobre um projeto.

Lurdes Abreu não esquece ainda o 25 de Abril, data em que se comemoram os 50 anos da revolução dos cravos em 2024, marco que antecipa “um impacto no programa das ações da associação” que prevê organizar várias ações ao longo dos três anos de celebrações da liberdade que se anunciam.

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