De que está à procura ?

Comunidades

Portugueses podem trocar a Suíça pelo Luxemburgo?

© Clique para ampliar

Clique para ampliar O resultado do referendo na Suíça pode levar os portugueses a procurar outros destinos europeus, agravando a situação de países onde o mercado de trabalho já está saturado, alertou José Trindade.

“Esta decisão vai trocar o caminho a muita gente que pensava emigrar para a Suíça e que poderá acabar por vir para o Luxemburgo e para outros países da União Europeia, provocando mais dificuldades às associações que prestam apoio na área da imigração”, considerou José Trindade, presidente do Centro de Apoio Social e Associativo (CASA).

O dirigente associativo vem alertando há vários anos para as dificuldades que os novos emigrantes portugueses enfrentam quando chegam ao Luxemburgo, e fez mesmo um apelo público pedindo aos portugueses para não trazerem “um novo emigrante na bagagem” depois das férias, no verão de 2012.

“Hoje repito as mesmas palavras, porque as coisas não têm melhorado. Nos países da UE e no Luxemburgo há grandes dificuldades para encontrar alojamento e emprego, com trabalho precário e casos de exploração laboral, e os portugueses têm de continuar a pensar duas ou três vezes antes de pegarem na mala e virem para a Europa”, disse.

Um alerta que tem vindo a ser feito também pelo Governo luxemburguês. Em novembro de 2011, o ministro do Trabalho na época, Nicolas Schmit, reconduzido no atual executivo, fez um apelo aos portugueses para “não trazerem mais pessoas para o Luxemburgo”, por causa do aumento do desemprego no país, durante um colóquio organizado pelo CASA.

“O Luxemburgo já não é um Eldorado”, disse na altura o ministro, uma frase que para o presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL) “é a prova de que já não há interesse do país em receber mais mão-de-obra não qualificada”.

Para José Coimbra de Matos, a crise na Europa levou o Luxemburgo, onde os estrangeiros representam 43% da população, a fechar-se à imigração.

“Não há um decreto ou uma lei que impeça a imigração, como na Suíça, mas há mecanismos que podem dissuadir grandes vagas de imigração”, explicou José Coimbra de Matos, dando como exemplo o despejo de trabalhadores portugueses a viver em habitação social, em outubro do ano passado.

O dirigente associativo alertou também para os crescentes obstáculos para os estrangeiros se registarem no país, com algumas câmaras municipais a recusarem a inscrição dos imigrantes que não tenham contrato de trabalho, um caso já denunciado há dois anos pelo semanário lusófono Contacto.

“Antigamente as pessoas chegavam às câmaras municipais e inscreviam-se enquanto procuravam trabalho, agora é a pescadinha de rabo na boca: para se inscreverem no centro de emprego e terem trabalho, têm de estar inscritas, e para estarem inscritas têm de ter trabalho?, lamentou o dirigente associativo, garantindo que “muitos portugueses que chegam ao Luxemburgo não estão inscritos?.

No Luxemburgo vivem 116 mil portugueses, que representam cerca de 20 por cento da população, segundo o Consulado de Portugal do Luxemburgo.

[ Suíça: Machete quer resposta vigorosa da União Europeia ]

[ Associações Portuguesas da Suíça lamentam sentimento negativo ]

[ Referendo na Suíça: UE vai reavaliar relações bilaterais ]

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA