A China celebra sábado à meia-noite a entrada no Ano da Serpente, um signo associado à sedução e que coincide com a ascensão ao poder de uma nova liderança e a emergência de uma opinião pública mais reivindicativa.

A economia deverá crescer acima dos oito por cento em 2013, acentuando a recuperação registada no último trimestre de 2012, e mais de dois terços das 31 províncias chinesas, algumas das quais com mais de 50 milhões de habitantes, projetam mesmo um crescimento igual ou superior a dez por cento.

Os números são boas notícias para Xi Jinping, o novo secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), que em março deverá assumir também o cargo de presidente da Republica, e para o “número 2” da hierarquia e futuro primeiro-ministro, Li Keqiang.

Xi Jinping, 59 anos, e Li Keqiang, 57, não são propriamente novatos, mas estão confrontados com desafios sem precedentes, nomeadamente as exigências de uma entidade nova na cena política chinesa – a opinião pública.

Expressa em mais de 300 milhões de microblogues e associada ao rápido desenvolvimento da classe média, a opinião pública chinesa mostra-se cada vez mais impaciente, sobretudo quanto aos abusos do poder e aos custos ambientais do próprio milagre económico chinês.

Segundo uma sondagem feita no final de janeiro em sete grandes cidades chinesas e publicada num jornal diretamente tutelado pelo PCC, a corrupção e a poluição são mesmo as “principais ameaças ao desenvolvimento” do país na próxima década.

A hora, no entanto, é de festa, com as ruas e os edifícios públicos engalanados com lanternas vermelhas.

Para milhões de trabalhadores, a passagem do ano lunar – a maior festa tradicional das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países cristãos – proporciona as únicas férias do calendário.

As escolas fecham um mês inteiro. Os funcionários da administração pública e das empresas estatais têm apenas oito dias de folga, mas no comércio e em companhias privadas, muitos trabalhadores acabam por gozar duas ou três semanas de férias.

O ano novo chinês é, também, um crónico quebra-cabeças logístico e um teste ao sistema de transportes do país.

Pelas estimativas oficiais, entre 26 de janeiro e 06 de março, os comboios transportarão 340 milhões de passageiros (mais 8,6% do que em 2012) e os aviões 35,5 milhões, num aumento de 5,2% em relação ao ano anterior.

Muitos optarão pelo automóvel, aproveitando a abolição das portagens nas auto-estradas entre 09 e 15 de fevereiro, e milhões de outros utilizarão os 840.000 autocarros e 13.000 navios mobilizados para esta quadra, considerada a maior migração anual do planeta.

A serpente sucede ao dragão no milenar zodíaco chinês, num ciclo que se repete de 12 em 12 anos.

Os nativos deste signo são considerados “inteligentes” e “charmosos”: “As mulheres serpente são sempre atraentes”, escreveu a astróloga Sabrina Liao, e entre os homens, “a maioria é bem-sucedida financeiramente”.