Mil quilómetros de fibra ótica custam tanto como um só quilómetro de autoestrada
O custo de cada quilómetro de autoestrada corresponde a mil quilómetros de fibra ótica, mas as universidades e politécnicos do Sul e Interior continuam a não dispor dessas “autoestradas” da informação.
João Nuno Ferreira, presidente do conselho executivo da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), disse à Lusa que, apesar de o momento que o País vive não ser propício a discutir investimentos, “de todas as infraestruturas de transporte, a da informação é a mais barata de todas”.
Segundo o presidente da FCCN, que falava à margem das jornadas anuais que decorrem durante três dias em Aveiro, se “um quilómetro de autoestrada custa cinco milhões de euros, é tanto como o que se gastou em mil quilómetros de fibra em cabo, nos concursos anteriores, por 18 anos”.
João Nuno Ferreira salienta que “são infraestruturas importantes para combater a desertificação e a interioridade e colocar pequenas instituições de ensino superior em pé de igualdade, em termos de acesso à informação”.
A rede de fibra ótica que serve as instituições de ensino superior em Portugal tem três troços: Lisboa/Braga, Porto/Valença, com passagem por Viana do Castelo, e Lisboa/Badajoz que serve Setúbal, Évora e Portalegre.
Caso haja um corte na ligação norte/sul, as parcerias com os congéneres espanhóis garantem a redundância da rede, por Espanha.
Segundo o presidente da FCCN, em nenhum ponto da rede há hoje “saturação” e mais de 80% dos alunos do ensino superior estão servidos por fibra, mas de fora permanecem várias universidades e politécnicos.
São os casos do Algarve, Beja, Viseu, Bragança, Guarda, Covilhã, Vila Real e Castelo Branco, além das regiões autónomas.
“Gostaríamos de evoluir para uma solução redundante nacional de fibra, como fizeram vários países europeus, até porque achamos que a rede académica preocupar-se com capacidade de transmissão pura acaba por ser uma distração daquilo que é o verdadeiro objetivo: trabalhar com os utilizadores e com as aplicações”, diz João Nuno Ferreira.
Investir no que falta fazer, em termos territoriais, é para o responsável daquela fundação “pôr Portugal a par do que estão a fazer as redes congéneres europeias, combatendo a periferia e (pequena) dimensão” do País.
Quanto ao financiamento, João Nuno Ferreira defende que é preciso olhar já para o “Horizonte 20/20”, o novo ciclo de fundos da União Europeia, que deverá prever investimentos em rede, e trabalhar para que as linhas de financiamento “acomodem” o investimento que falta fazer em Portugal.
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