De que está à procura ?

Europa

Europa devia usar Portugal para chegar à América do Sul e a África

© Clique para ampliar

Clique para ampliar O empresário português radicado em França Juvelino da Silva, presidente da Bowen, que projeta e fabrica equipamentos e sistemas para aplicações de alta tecnologia, considera que a Europa devia usar Portugal para chegar à América do Sul e à África.

“É uma grande asneira da Europa não utilizar Portugal para trabalhar melhor com a América do Sul e com África. Era uma maneira de desenvolver negócios. A cultura, a maneira de pensar, é mais importante do que tudo. A Europa vai ter que utilizar isso”, afirma o empresário, em declarações à agência Lusa.

Juvelino da Silva chegou a França com dez anos, saído de Santo Tirso, no distrito do Porto. Estudou engenharia eletrónica e, depois de uma década a trabalhar como investigador e de outra década a trabalhar numa multinacional, decidiu criar a sua empresa.

Foi há dez anos que partiu “do zero”. Hoje, a Bowen, instalada no coração do “Silicon Valley” francês, Saclay, 20 quilómetros a sudeste de Paris, tem mais de uma centena de patentes e fornece produtos de alta tecnologia a grandes multinacionais francesas da indústria aeroespacial, de defesa, de segurança e de comunicações, como o grupo Thales ou o grupo Safran.

São da sua empresa, por exemplo, os velocímetros dos comboios da SNCF (Société Nationale des Chemins de Fer Français), a empresa pública francesa de caminhos-de-ferro.

Juvelino da Silva trabalha numa indústria que “tem que imaginar o futuro”, e “não apenas fabricar a partir de um pedido”. E para imaginar o futuro, explica, “é preciso pensar em novas tecnologias, novos mercados, novos produtos”.

“O trabalho nunca acaba. Um produto que estamos a imaginar hoje vai ser vendido daqui por cinco anos, se não for mais”, acrescenta.

A Bowen terminou 2012 com um volume de negócios de oito milhões de euros e espera passar para os 10 milhões em 2013. A isto correspondem 100 empregados, metade engenheiros.

Juvelino da Silva considera que a relação que a emigração criou entre Portugal e França não está a ser totalmente explorada no campo dos negócios. Diz que o futuro da sua empresa pode passar pela sua terra natal, mas que, neste momento, o caminho está a ser mais difícil do que imaginava.

“Criei uma empresa em Portugal em 2006. Tenho vontade de desenvolver atividades industriais no país, de fazer em Portugal o que fiz em França, criar equipas multidisciplinares capazes de desenvolverem tecnologias inovadoras. No entanto, isso é difícil. Implica, obrigatoriamente, uma integração em programas de desenvolvimento portugueses ou europeus, uma vez que é preciso criar competências localmente”, afirma.

Mas às empresas da sua área com quem tem contactado, diz, “falta humildade e abertura para o outro”, e, considera, sobra “a impressão de que conhecem tudo”. Isso, conclui, também é uma dificuldade para quem quer investir em Portugal.

[ Desemprego: O surpreendente caso de Felgueiras ]

[ Especialista americano defende vantagem dos vinhos portugueses ]

[ O “terrorista” que queria vexar Hollande mas não conseguiu ]

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA