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Cães modernos eram lobos que vasculhavam lixeiras

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Clique para ampliar Cientistas descobriram que os cães, ao contrário dos lobos, têm genes que permitem digerir o amido, descoberta que suporta a ideia de que a domesticação ocorreu porque os cães vasculhavam lixeiras à procura de comida.

“Embora seja possível que os humanos tenham apanhado crias de lobo, domesticando-as, poderá ter sido mais atrativo para os cães começar a comer das lixeiras à medida que começava a agricultura moderna”, diz Kerstin Lindblad-Toh, geneticista na universidade de Uppsala, na Suécia, que dirigiu a equipa de investigadores.

Os cientistas que estudam a domesticação canina concordam que todos os cães são os descendentes mais pequenos, menos agressivos e mais sociáveis dos lobos, mas não se conhece a data ou o local da primeira domesticação.

Os registos fósseis colocam os primeiros cães entre 33.000 anos atrás na Sibéria e 11.000 anos atrás em Israel, enquanto estudos do ADN dos cães modernos apontam para, pelo menos, há 10.000 anos no sudeste asiático ou no Médio Oriente.

A equipa de Lindblad-Toh catalogou as mudanças genéticas envolvidas na domesticação comparando os genomas de 12 lobos de várias partes do mundo com os de 60 cães de 14 raças diferentes.

A investigação identificou 36 regiões do genoma que distinguem cães de lobos. Dezanove delas contêm genes que atuam no funcionamento ou desenvolvimento do cérebro e que poderão explicar porque os cães são mais amistosos do que os lobos.

Surpreendentemente, escrevem os cientistas, há 10 genes que ajudam os cães a digerir amido e a decompor a gordura e mudanças em três desses genes tornaram os cães melhores do que os lobos na transformação do amido em açúcar e na absorção desse açúcar.

Lindblad-Toh sugere que o desenvolvimento da agricultura, que começou há cerca de 10.000 anos no Médio Oriente, levou a adaptações nos humanos, mas também dos cães.

“É um sinal impressionante de evolução paralela”, disse a cientista. “Mostra de facto como os cães e os humanos evoluíram juntos para conseguirem comer amido”.

Em declarações à BBC, Erik Axelsson, outro cientista envolvido no estudo, explica que, com o início da agricultura, “criou-se essa nova fonte de comida, esse novo nicho para os lobos, e o lobo mais capaz de fazer uso dele tornou-se o ancestral do cão”.

“Acho que as nossas descobertas se encaixam bem na teoria de que o cão evoluiu na lixeira”, disse.

A teoria, no entanto continua a ser polémica. Greger Larson, arqueólogo evolucionista na universidade de Durham, no Reino Unido, duvida que os genes envolvidos na digestão do amido tenham catalisado a domesticação, alegando que os fósseis de cães mais antigos são anteriores ao início da agricultura.

A equipa deste investigador pretende analisar ADN preservado em fósseis de cães para descobrir quando começaram as variações genéticas envolvidas na domesticação.

Outro investigador, o geneticista Robert Wayne, da universidade da Califórnia, em Los Angeles, acredita que o metabolismo do amido tenha tido um papel importante na adaptação dos cães, mas defende que essas caraterísticas se tenham desenvolvido depois das mudanças comportamentais que emergiram quando os humanos começaram a levar lobos para casa.

Seja como for, Wayne diz que o estudo agora divulgado prova que os cães não devem comer o mesmo que os lobos, mas devem alimentar-se mais de hidratos de carbono e menos de proteína.

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