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Os presépios de sal de Rio Maior

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Clique para ampliar O verde das ramagens e do musgo e o vermelho das decorações enfeitam por estes dias as casinhas rústicas de madeira das Marinhas do Sal, em Rio Maior, mas são os “presépios de sal” que dão “alma” a esta “aldeia Natal”.

À entrada da aldeia, bem ao fundo da Loja do Sal, sobressai um presépio de figuras de madeira cuidadosamente colocadas por cima de um monte de sal, criando a ilusão de um cenário de neve.

Luís Lopes, quarta geração a gerir o negócio da família, foi o “artesão” do seu presépio, a exemplo dos outros 24 guardados no interior de outras tantas casinhas rústicas da típica e acolhedora aldeia, construídos “com a boa vontade e o sentido de arte dos seus proprietários” e tendo por base o produto que deu razão de existir ao lugar, o sal.

A iniciativa “Presépios de Sal, é Natal”, que decorre aos fins de semana até 06 de janeiro, partiu de um grupo de comerciantes da aldeia que quer contribuir para revitalizar um espaço que é único em Portugal.

“Podem encontrar aqui uma aldeia com características únicas, com casas em madeira, com uma zona de extração de sal, que neste momento não está a trabalhar porque é sazonal, inserida num parque natural (da Serra d’Aire e Candeeiros), que é um espaço fabuloso, com um património também único”.

O apelo, não só aos visitantes mas também aos que queiram investir nos espaços ainda por ocupar, é feito por um dos mentores do projeto, Alcides Ribeiro, sócio da Fábrica da Alegria, uma empresa de animação situada na aldeia.

O sal foi o tema escolhido para o primeiro “fim de semana temático”, com um conjunto de iniciativas centradas neste ingrediente, tanto do ponto de vista alimentar (como uma sessão de show cooking com Igor Martinho ou a prova de doçaria salgada), como do bem-estar ou ainda do lazer, com um passeio que tem por mote a interpretação das salinas.

As peças escultóricas resultantes de um workshop que 10 alunos da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto estão a realizar desde quinta-feira na aldeia vão estar em exposição durante o evento, tal como uma exposição de fotografia e outra de livros.

Animação de rua e atividades para crianças centradas nas figuras do Natal, presença de artesãos a trabalhar ao vivo e de numerosas instituições que se associaram aos comerciantes e à cooperativa de salineiros das Marinhas do Sal completam o programa, que se prolonga até aos reis, dedicando os próximos fins de semana à solidariedade, ao artesanato, à música e aos avós e netos.

“Queremos realizar um conjunto de eventos anuais que possam trazer pessoas o ano inteiro e que não se restrinjam à época alta de produção do sal. Queremos ter toda a envolvência das casas com artesanato, com bares, com tasquinhas, com venda de produtos regionais, no sentido de as pessoas terem alguns produtos de qualidade superior e que normalmente não se encontram nos grandes centros”, disse Luís Lopes à agência Lusa.

Carlos Pereira, arqueólogo e assessor dos serviços municipais de Cultura e Património, referiu à Lusa o “enorme potencial turístico” de uma aldeia que é “um autêntico museu vivo” porque mantém artesanal todo o processo de extração de sal.

Únicas salinas de interior do país em funcionamento, as Marinhas de Sal de Rio Maior resultam do facto de há 205 milhões de anos esta área ter estado submersa pelo mar.

“Com a transformação da crosta terrestre e a deriva continental houve um braço de mar que ficou aprisionado e, como sucede hoje com o Mar Morto, que não está em contacto com o oceano e está a secar, aconteceu aqui esse processo”.

Essa “imensa extensão de água salgada foi secando e deixou no subsolo uma rocha que é o salgema”, o que, numa zona cársica como é a Serra dos Candeeiros, permite que a água aí chegue dissolvendo o salgema numa salmoura que é captada no poço e distribuída pelos talhos, nos quais se obtém um sal “branquinho e limpinho”.

É esse sal, único no país, que por estes dias faz o cenário dos presépios das Marinhas do Sal.

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