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WALL-E

{mosimage} Cada vez que vejo uma pérola como “WALL-E” penso na mesma coisa: como reagiria eu se tivesse dez anos? Será que os miúdos também vão gostar do filme se eu – um jimbras – adorei?

“WALL-E” é mais um daqueles filmes da Pixar que desperta nos mais agrestes adultos o lado mais secreto e infantil. Comigo é tiro e queda. Perco-me no olhar triste do último robô do Mundo, tal como me identifiquei com os olhos grandes e a barbatana defeituosa de Nemo. E como chorei quando a mãe do Bambi morreu… É difícil ser-se criança. Os adultos fazedores de filmes avalancham-nos com emoções.

E o mais incrível disto tudo é que o herói desta vez é um robô. Sim, um robôzito feito de lata e que funciona a energia solar. A acção de “WALL-E” situa-se na Terra daqui a 700 anos ou uma coisa assim. O nosso planeta é uma espécie de lixeira gigante em que pilhas de lixo constituem os edifícios. Descobre-se assim que o que levou os habitantes a abandonarem a Terra não foi o aquecimento global mas a poluição. Para trás ficou um robô chamado WALL-E que continua a fazer o seu trabalho: arrumar e compactar o lixo. Aparentemente WALL-E está sozinho no planeta, tendo como companhia uma barata indestrutível. A rotina do pequeno robô vai ser interrompida pela chegada de uma nave espacial, da qual sai um robô-fêmea chamado EVE. A primeira reacção de WALL-E é de receio, mas as duas máquinas acabam por ficar amigas (escrever isto dá-me a impressão de que estou a perder a cabeça mas não; estou só a contar o filme). Um dia, EVE desliga-se e WALL-E decide ficar com ela. Assim vai acabar por descobrir o que realmente aconteceu na Terra há muitos e muitos anos.

A primeira meia hora do filme é extraordinária. O espectador vai descobrindo o ambiente em que se move o pequeno robô e, aos poucos, entrando na estranha atmosfera que os criadores de “WALL-E” conceberam. Durante meia hora não há diálogos, apesar da personagem principal ter o seu próprio vocabulário constituído de ruídos mecânicos e electrónicos.

“WALL-E” é uma delícia. Um filme que vai atrair todos os públicos porque é uma comédia romântica em que o casal de apaixonados são robôs (e porque não?). Para quem apreciou “Toy Story” ou “Finding Nemo”, este filme será uma descoberta. A descoberta de que como os homens da Pixar são capazes de levar os limites do cinema da animação cada vez mais longe.

Como é hábito nas produções Pixar, o filme tem uma imagem extraordinária e um escolha de cores de um realismo desconcertante (esta é boa; como é que alguém pode saber que um filme cuja acção se desenrola daqui a 700 anos é realista?). E depois temos o pequeno WALL-E, com olhos de câmara de vídeo… irresistíveis.

“WALL-E” de Andrew Stanton, com as vozes de Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin e Sigourney Weaver.

Raúl Reis

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