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Uma caravana feminista que ligou o Curdistão a Portugal

A Caravana Feminista, uma iniciativa da Marcha Mundial das Mulheres, chegou esta segunda-feira ao Porto, depois de partir do Curdistão em março, numa viagem através do continente europeu para mostrar que, ainda que distantes geograficamente, as lutas são partilhadas.

“A cada cinco anos fazemos essa grande ação internacional justamente para dar visibilidade ao nosso movimento. A nossa caravana é permanente, é quotidiana e este ano escolhemos fazer essa ação maior, que durou esses oito meses. Precisamos de estar quotidianamente lutando contra as nossas opressões, contra as violências que sofremos e [a luta] não vai parar”, disse à Lusa a ativista Nicole Geovana, antes da apresentação da caravana no âmbito do Festival Feminista, que decorre até ao final de outubro no Porto.

A semelhança das lutas a serem travadas pelas mulheres nos diferentes países foi uma questão abordada pelas várias pessoas com quem a Lusa falou tendo a médica grega Polyxeni Andreadou realçado que as diferentes crises as agravam: “A crise económica piorou a situação das mulheres e, através dela, a relação entre homens e mulheres está a ficar mais violenta”.

A ativista turca Yildiz Temürtürkan fez o percurso desde o Curdistão (região cujo território se estende às fronteiras de Turquia, Síria, Iraque e Irão) até Portugal e sublinhou que demoraram duas semanas só para chegar à Grécia, onde se depararam com o que classificou como uma “guerra económica”.

“É importante que as mulheres dos diferentes países percebam que partilhamos a mesma luta. Lutamos aos níveis nacionais e locais, mas tentamos construir outro mundo, uma alternativa”, frisou Temürtürkan.

Nesse sentido, a ativista turca destacou a importância de criar opções que vão para lá do Estado-nação, entidade “na origem de muitos problemas no Médio Oriente”, onde os países são multiétnicos e multirreligiosos.

“Já começámos alguns lugares autogestionados nas nossas regiões. Na Europa também. Penso que temos de criar alternativas dentro da resistência, apesar da opressão”, disse Yildiz Temürtürkan.

A caravana ainda segue para Coimbra e para Lisboa e Nicole Geovana explicou que a escolha de começar no Curdistão e terminar em Portugal deu-se para “fazer essa conexão com as mulheres de Portugal, que atualmente sofrem as políticas de austeridade, de emigração forçada, da nova lei do aborto”, o que considerou “retrocessos de direitos já conquistados”.

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