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Conversa de fim-de-semana

Felizmente Mário Soares está a recuperar, já consegue responder quando lhe fazem uma pergunta e a este ritmo ainda vai a tempo de participar na S. Silvestre da Amadora. Infelizmente li coisas nas redes sociais, e não só, faíscas de gente raivosa que rejubilava, e que agradecia ao divino ter-lhe dado quase um badagaio.

Estas manifestações de apreço pelo sofrimento alheio, estas coisas de dizimarem milhares de inocentes em Aleppo e noutros locais do mundo, isto de matarem em nome de um Deus, o facto de muitos preferirem que morra gente desgraçada a atravessar o Mediterrâneo a ter que os aturar e a partilhar um pouco de pão com eles, leva-me a uma conclusão e a uma esperança: a humanidade e a fraternidade ainda possuem muito espaço para progredir.

Já agora, e isto vem de longe, esta coisa da “pós-verdade” não é uma invenção recente, sempre foi praticada e Mário Soares foi uma das vitimas! O facto da PIDE ter posto a circular a notícia que Mário Soares, numa manifestação num país estrangeiro, tinha queimado uma bandeira de Portugal é uma enorme mentira, mas para muitos, mesmo imensos, preferem continuar a acreditar nisso e não há volta a dar, para eles de uma mentira se constrói um traidor e uma verdade, e mesmo que não hajam provas, a presunção de inocência é concedida a gosto de quem se gosta.

Eu votei uma vez em Mário Soares, foi quando ele concorreu contra Freitas do Amaral numa eleições presidenciais, e cada vez estou menos arrependido de o ter feito! O problemas é quando misturamos adversários com inimigos, convicções com certezas, ditaduras com democracias, e essencialmente, e pior ainda, é acharmos que estamos sempre certos e nem precisamos de escutar os outros para formarmos uma opinião, tanto mais que um tipo que tem certezas não vai regredir para meras opiniões. Que isto de certezas é coisa de machos, opiniões é de frouxos, dizem eles.

As certezas, para além de fazerem de nós pessoas estúpidas e sem interesse, bloqueia-nos a mente, a capacidade de raciocínio e de entender os outros. Mais do que argumentar, tentamos impor a nossa fé, as nossas crenças, as nossas certezas! As certezas são geradoras de inimizades, de ódios, de se obter, por vingança, prazer na dor alheia.

Sem dúvida que convivo muito melhor com a incerteza.

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