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Uma Europa de paz, segurança e progresso

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A assinalar o início do ano parlamentar europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, fez um discurso muito forte, virado para o futuro, cheio de ambição, sobre os grandes temas que marcam hoje a Europa e o mundo.

A União Europeia deve sempre estar virada para o futuro, proteger as suas conquistas, aprender com o passado, com as suas crises e sucessos e procurar sempre estar próxima dos cidadãos, ouvir as suas inquietações como forma de sair sempre reforçada e para melhor se combater os avanços da extrema-direita antieuropeia. Uma Europa forte é a melhor garantia de paz, progresso e estabilidade em cada um dos Estados-membros e de que os seus valores fundadores de democracia, estado de direito e direitos humanos são a bússola essencial da ação coletiva.

A última década e meia tem sido terrível para a União Europeia, colocada à prova com crises sucessivas, umas mais bem resolvidas que outras, mas, felizmente, acabando sempre por sair reforçada. Foi a crise económica e financeira de 2008, a crise migratória e dos refugiados a partir de 2015, a pandemia em 2020 e a invasão da Ucrânia pela Rússia e as consequências inflacionistas em 2022. O que seria dos europeus sem a força protetora da União Europeia…

Agora que estamos perante desafios urgentes relacionados com as alterações climáticas e a transição digital para um novo mundo cujas consequências ainda mal vislumbramos, é fundamental que se mantenha o rumo para fazer face às profundas alterações geopolíticas decorrentes da emergência de uma realidade multipolar complexa, de formação de blocos geopolíticos, da competição cerrada com a China e os Estados Unidos e de uma vontade explícita dos chamados países em desenvolvimento emergirem em torno dos BRIC para seguirem um caminho de desenvolvimento liberto dos constrangimentos globais.

A China tem sido sempre uma preocupação para a União Europeia por distorcer a competitividade ao entrar nos mercados europeus com produtos altamente subsidiados e mais acessíveis, como foi o caso dos painéis solares e agora dos carros elétricos, causando dificuldades às empresas dos Estados-membros. E a presidente foi direta ao assunto, anunciando uma investigação aos apoios públicos chineses. “Não deixaremos que o nosso mercado seja invadido por carros elétricos altamente subvencionados que ameaçam as nossas empresas. A Europa está aberta à concorrência, mas tem de se defender de práticas desleais”, disse Ursula van der Leyen.

Outro dos temas essenciais do seu discurso, foi a abordagem dos futuros alargamentos da União Europeia a outros países da parte Leste da Europa, que considerou como sendo o melhor investimento na paz, na segurança e na prosperidade. Num prazo ainda indefinido, a União Europeia vai aumentar o seu número de membros dos atuais 27 para mais de trinta. Mais precisamente para 36, com a Ucrânia, Geórgia, Moldova e os seis países dos Balcãs Ocidentais que já são candidatos à adesão. Será mais uma mudança de fundo, que certamente implicará muitas alterações no funcionamento da União e na sua projeção no mundo.

Mas entre todos estes grandes temas essenciais para o futuro da União Europeia, faltou um que agora causa grande preocupação em toda a Europa e que o governo português já sinalizou: o acesso à habitação. É fundamental que a União se pronuncie também sobre esta questão e lance um pacote robusto de medidas para contribuir para tornar mais fácil o acesso de todos à habitação.

Paulo Pisco

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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