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Três estratégias para turbinar a sua automotivação

Golfe é um jogo interminável de fracassos e frustrações

Mike Greenberg

 

Existem milhares de artigos e livros escritos que incidem sobre a importância do líder motivar os seus colaboradores e mil e uma dicas de como fazê-lo. Muitas vezes, ouço líderes preocupados em encontrar a poção mágica que faça os seus subordinados manterem-se constantemente engajados e comprometidos com os seus objetivos. E, como temos de fazer parte da solução e não do problema, enfrentarmos toda a natureza de desafios, de pressão por resultados e de ainda estarmos atentos às grandes oportunidades, os holofotes da motivação centram-se na equipe em vez de em nós, líderes.

Mas, se o líder motiva os outros, quem motiva o líder? Quem motiva o motivador?

Ben Hogan, considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos, referiu que o golfe não é um jogo de boas tacadas. É um jogo de más tacadas. Se você é um jogador experiente de golfe, saberá que é preciso um mecanismo psicológico de enfrentamento eficaz para lidar com o sentimento de fracasso e deceção, a cada tacada falhada.

Então, como um jogador de golfe se mantém motivado? A reposta é automotivação!

Mas, sendo um líder a pergunta que se segue é – Como eu me motivo a mim mesmo?

Antes de partilhar consigo as 3 dicas para se motivar a si mesmo, é importante entender o que é motivação. De forma simplificada, motivação é um conjunto de fatores que despertam, sustentam e dirigem os seus comportamentos. É o porquê de o ser humano agir de determinada forma a uma situação.

Existem dois tipos de motivação, a intrínseca e a extrínseca. A motivação intrínseca é quando nos sentimos impulsionados a fazer algo, pela recompensa interior que teremos. Por exemplo, realizar uma atividade, como corrida, pelo gosto do exercício em si e pelo prazer de desfrutar da própria atividade. A motivação extrínseca é quando somos movidos a fazer algo por recompensas externas, dadas ou controladas por outros, como o salário, elogio e reconhecimento, ou ainda, sob forma de punição ou ameaça.

A motivação intrínseca é aquela que alimenta diretamente a automotivação, já que proporciona efeitos como bem-estar subjetivo, maior sensação de autonomia e competência e, aumenta a autodeterminação. Logo, um líder com motivação interna tem motivos para a ação, como a própria palavra sugere, sente-se mais realizado, focado, produtivo e com força para superar momentos difíceis e situações adversas. Resumindo, está automotivado.

É fácil compreender porque a automotivação é importante. Como um líder sem motivação intrínseca pode gerir, liderar e motivar uma equipe para resultados?

Por isso, ainda antes de ler as 3 estratégias, há uma pergunta crucial a ser respondida: O que dá sentido à sua vida?

Responder o porquê de fazer o que faz, é saber qual é o seu propósito, é ter consciência do seu potencial e o que pode melhorar para atingir os seus objetivos. Você está a avançar com um senso de propósito e direção na sua carreira e vida, ou está simplesmente a seguir em frente?

Quando se sente motivado, você é um participante sincero da sua própria história. Você sabe o que é importante para si e usa isso como um guia para a conquista dos seus constantes objetivos, e desfruta do sentimento de satisfação e realização para consigo mesmo e com a sua vida.

Como turbinar a sua automotivação

Quando fechamos os olhos e imaginamos um líder, imediatamente nos surge à mente uma pessoa que seja referência no que faz ou na forma como se comporta, não é verdade? Não associamos um líder a uma pessoa desmotivada, cabisbaixa e muito menos um stakeholder. Os seus colaboradores esperam que lhes transmita significado e propósito ao seu trabalho. Mas, também sabemos que haverá momentos em que se sentirá desmotivado por razões diversas, já que é um ser humano. Aqui quero desde já salientar que, mesmo quando fazemos o que amamos, fatores externos podem impactar no nosso desempenho. E quando se sente desmotivado, a sua energia vital diminui e pode sentir-se mais stressado, frustrado, pressionado ou até pensar – não aguento mais! Seja qual for a razão que o conduziu à morada desmotivação, uma coisa é certa – esse não é um lugar onde se queira estar.

Por isso, partilho consigo, líder, essas 3 estratégias para que cuide do seu nível de automotivação.

1. Lide com o fracasso

No início deste artigo, fiz referência sobre o sentimento de fracasso que um jogador de golfe possui a cada tacada falhada. Mesmo que não jogue golfe, esse sentimento lhe é familiar. Expectativas são criadas e, quando a realidade não se apresenta de acordo com o esperado ou falhas ocorrem, advém a deceção e o sentimento de fracasso. Deceções contínuas minam a autoconfiança, afetam o foco e objetividade e geram desmotivação. Quando algo dá errado, ou tem um final diferente daquele que havíamos planeado, reações como rejeição, prostração, culpabilidade e aquela frase “eu falhei”, podem gerar resultados negativos.

É importante estar preparado para lidar com as derrotas, falhas, reveses e expectativas goradas, de maneira mais madura, separando a situação de si próprio. Você não pode controlar completamente todas as circunstâncias, um bom exemplo disso é o impacto da pandemia do SARS-CoV-2 na economia. Nem sempre poderá ter tudo, e situações ruins também acontecem a pessoas boas. Isso é inevitável. Avaliar o que aconteceu, o que poderia ter sido feito para evitar esse resultado indesejado, e a oportunidade que o fracasso lhe trouxe, podem ajudá-lo a começar a retirar o bom dos reveses e a não minar a sua motivação interior.

2. Fortaleça as Emoções

Na sequência da estratégia anterior, segue-se esta – fortaleça os seus músculos emocionais. Conhecer o seu mundo emocional e desenvolver a sua inteligência emocional irá ajudá-lo diariamente na gestão das pessoas, a lidar com inúmeros imprevistos e problemas, na capacidade de negociar, de gerir conflitos e de se gerir a si mesmo no seu dia a dia.

Embora as dificuldades e obstáculos passem, o impacto que essas situações causam em si e a reação que poderá ter diante delas, são emocionalmente ampliadas, levando a que haja um desgaste constante que o conduzirá, em certo momento, a colocar em causa o que faz, aquilo de que gosta, a si, à sua liderança e ao seu desempenho. Por isso, um dos pilares centrais do meu trabalho com líderes é o fortalecimento emocional para que estejam firmes e confiantes, mesmo quando a situação é a mais desafiadora.

3 – Mantenha o Equilíbrio

Uma forma de evitar a desmotivação, é entender que o seu bem-estar e equilíbrio são essenciais. A qualidade de vida e os resultados do seu negócio, ou do seu desempenho na empresa, devem coexistir de maneira saudável. Quando as coisas que antes lhe davam prazer não lhe dão mais, uma das duas coisas pode estar a acontecer:

  • Ou precisa realmente de descansar, verificando se está a dormir adequadamente e se a sua saúde está em ordem (nunca subestime as suas necessidades físicas);
  • Ou tem de responder à questão que fiz anteriormente neste artigo – porque faz o que faz, e rever com mais seriedade o que está a acontecer consigo.

Além de cuidar da sua saúde e sono, é importante entender como encontrar o seu ponto de equilíbrio e que tipo de atividades lhe proporcionarão bem-estar. Se você é um líder sénior ou empresário, sabe que a sua jornada de trabalho difere do horário comercial, incluindo os finais de semana. Então, é importante definir:

– O que é esse equilíbrio para si?

– O que o ajudaria a restaurar a sua energia e a encontrar aquela sensação de descanso e de baterias carregadas?

Entender o que funciona para si, que pode ser desde pausas curtas após situações mais stressantes, dormir nos dias de folga, até ter um hobbie que o faça se sentir revigorado, irá ajudá-lo a criar espaço mental e tempo para desligar do quotidiano e relaxar.

E aqui também quero destacar –

Não reserve apenas tempo para relaxar, mas também para refletir.

Trabalhei com líderes e empresários que estavam numa rotina tão intensa que não reservavam tempo para parar e refletir. Eu entendo que a meio de tantas decisões a serem tomadas, atividades e pressão, a tendência é responder a todos esses “estímulos” e quando vemos o dia passou. Contudo, quando reserva tempo para refletir sobre si e sobre a sua semana, ao procurar extrair o significado das situações que ocorreram, você pode encontrar soluções criativas para problemas, corrigir os seus próprios comportamentos e até analisar o seu negócio de uma posição mais observadora.

Por último, mas não menos importante… é ter o apoio certo que lhe ajude nesse processo. Quando você é um líder, os colaboradores que estão sob a sua liderança, confiam em si. Você os orienta, os apoia e diz o que fazer. No entanto, na maior parte das vezes, não tem ninguém acima de si, em quem se apoiar. E, por isso, é aconselhável ter um profissional que possa orientá-lo e ajudá-lo em momentos de desmotivação, para que fortaleça o seu EU e construa uma liderança forte. Lembre-se, não precisa ser solitário no topo.

Comece hoje com as estratégias que partilhei consigo, e caso queira aprofundar nesse esse processo encontrará vários artigos no meu blog, ou poderá mesmo me contatar.

Karina Kimmig

Karina Kimmig foi galardoada com o Prêmio Competência Profissional Internacional Mulher, no Brasil, e Top Coach na Alemanha. Ela ministra cursos para líderes, é autora do livro “Metodologia Humanística: Os Sete Poderes que Todos Nós Possuímos”, CEO, Presidente de associações internacionais, cocriadora da MORE Humanistic Methodology, escritora e referência internacional em desenvolvimento humano.

Mais: https://karinakimmig.com/

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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