Eu quero voar, eu quero escrever, e quase sem parar, fujo para bem longe…
um lugar vazio, vazio de gente
e cheio de toques naturais que apenas
o mar me pode dar…
Sei lá…

Eu sei lá, eu sei lá se quero ficar…
Eu sei lá se quero ir…
Quero apenas dormir e acordar
com o corpo pousado na areia,
e que o despertar seja sedoso,
que seja com os raios fininhos
do nascer do Sol,
com o som das águas lentas
e calmas do mar…

Eu sei lá, sei lá se quero parar, ou acordar…
Hoje, amanhã, pro ano talvez…
Eu sei lá se o vento me quer levar,
ou se me faz ficar…
Eu sei lá se sem pensar
acordo um buraco profundo
onde já nem oxigénio me assiste
e me deixa morrer lentamente…
Eu sei lá, sei lá se quero um chá de cidreira
ou um café intenso com um toque
ligeiro de sabor a canela…

Eu sei lá, se quero tudo ou não quero nada,
se quero o mundo
ou a paz da solidão e tranquilidade…
Já nem sei se quero as águas do mar de Portofino, ou a frescura dos Alpes suíços…
Ou se nada disto…
Eu sei lá…

Penso que nada sei,
além do nome que me foi dado
e dos anos que carrego às costas…
Tenho os sonhos dum sonhador firme, complexo e destemido…
Tenho os medos duma criança pequena
frágil que teme os monstros do passado…
Eu sei lá, sei lá se sou uma criança
num corpo de adulta
ou uma adulta que teme voltar a ser criança…

Sei lá, sei lá, sei lá…

Estou farta de nada saber, de tanto temer,
de tanto querer e no final nada ver…
Sei lá se sou, se estou,
se quero ou não quero…
Escrita confusa esta que me sai de dentro…
Escrita confusa esta que escrevo e dela nada entendo…

Afff…
Deixo me estar, aqui no meu sei lá,
e paro de escrever…
O sei lá atormenta me a escrita,
rasga me o ser, e põe me a alma
em estado lento e apático…

Amanhã, talvez amanhã,
o sei lá vá dar uma volta e me deixe ficar com a certeza de quem sou,
por que sou, para onde vou…
Quero a certeza e proximidade dum sei,
e a distância dum sei lá…

Sei lá se volto a escrever, sei lá se a vida mo deixará fazê-lo novamente…

Sei lá…