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Portugueses de Viena temem ultranacionalistas

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Clique para ampliar Os portugueses residentes em Viena com quem a Lusa falou sobre as legislativas austríacas deste domingo observam a campanha com alguma preocupação perante a possibilidade de uma subida na votação da extrema-direita.

“É um daqueles fatores que amedronta e se calhar é mais evidente na Áustria que na Alemanha”, disse Catarina Carrão, cientista de 34 anos. “Em certas regiões da Áustria há uma ideologia ultranacionalista que é bastante aterradora, e não preocupa só os imigrantes.”

Segundo as sondagens, a atual coligação entre socialistas e conservadores deverá continuar a governar a Áustria. No entanto, espera-se que o partido de extrema-direita FPÖ aumente a sua votação para perto de 20%.

A principal bandeira do FPÖ é o combate à imigração, tema que voltou a estar no topo das prioridades do partido nesta campanha. Na terça-feira, o jornal vienense Der Standard publicou fotografias de um comício do FPÖ em Graz em que um grupo de jovens fez a saudação nazi.

“Há uma quantidade considerável de uma direita um pouco extremista no parlamento, que proclamam ideias como o ão à imigração. Não fico em pânico, mas fico preocupado” com a hipótese de o FPÖ crescer, disse à Lusa Tiago Santana, arquiteto de 29 anos, a viver desde 2011 em Viena.

Santana não presta grande atenção à política “nem aqui nem em Portugal”, mas passou a ficar “mais interessado” nas eleições de domingo perante a perspetiva de “um declínio da esquerda e uma subida da direita”.

Diferenças para com as eleições, Santana encontrou-as “em termos de marketing”: “Os cartazes não chamam muito à demagogia, [os partidos austríacos] não fazem um marketing tão ligado à emoção.”

Diana Pereira, 30 anos, nota que na Áustria os governos costumam ser de coligação, e que é previsível que “os dois do meio” continuem a governar: “No fundo não vai mudar muito.”

Esta arquiteta, que vive em Viena há cinco anos, também manifesta preocupação pela hipótese de uma subida da extrema-direita.

“Preocupa-me um bocado, mas acho que diretamente não me ia afetar a mim. Ia afetar os imigrantes de leste ou outro tipo de imigração. Os alvos deles [extrema-direita] são mesmo os turcos, os sérvios ou os africanos”, afirma. As ideias deles não fazem muito sentido, acho que se mandassem essas pessoas embora não iam arranjar austríacos para fazer esse tipo de trabalhos.”

Os portugueses que vivem em Viena registam as óbvias diferenças entre as situações económicas austríaca e portuguesa. Catarina Carrão adverte contudo que a Áustria não passou totalmente incólume pela crise.

“As aparências iludem. A Áustria parece ser um país seguro mas tem uma economia muito ligada ao leste, sobretudo à Hungria. Foi só por mera sorte que a Áustria não se saiu pior da crise, porque acho que a economia aqui é bastante instável”, diz a investigadora.

A comunidade portuguesa na Áustria é relativamente pequena, comparada com as da Alemanha ou da Suíça: há cerca de 2500 residentes registados na embaixada portuguesa em Viena.

A comunidade tem vindo contudo a crescer nos últimos anos. Pedro Huet, estudante de Belas Artes, chegou esta semana do Porto a Viena no âmbito do programa Erasmus. Não sabia que as legislativas eram já esta semana, mas estava ciente de que a extrema-direita na Áustria tem uma expressão significativa.

“Li um artigo sobre um estudo em que uma percentagem razoável da população [austríaca] dizia que era preciso um líder forte, e que não se vivia tão mal no tempo dos nazis. Quando vi isto fiquei um bocado chocado”, disse Huet.

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