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O aeroporto que custa um milhão de euros por dia

O novo aeroporto de Berlim já tem muito pouco de “novo”. Começou a ser construído em 2006, tinha previsto abrir em 2011, mas mais de uma dezena de datas de inauguração depois, o BER, como é conhecido, ainda não despegou.

O edifício está construído, há publicidade, hotéis, autocarros e até espaços de lojas adjudicados. Tudo parecia pronto, não fossem os mais de 1500 erros que foram aparecendo ao longo de todo o processo. Mas para o urbanista e especialista em aeroportos, Dieter Faulenbauch da Costa, os problemas começaram logo no início.

“Este aeroporto tem dois problemas de origem: a localização e os inúmeros erros na primeira planificação. Mais tarde percebeu-se que havia numerosas falhas que se foi tentando corrigir. Mas modificar uma grande construção quando já está a ser feita não evita problemas”, revela Faulenbach da Costa, que acompanha o processo desde que começou a ser pensado, nos anos 90.

Outubro de 2020. O diretor da infraestrutura, Engelbert Lütke Daldrup, anunciou a nova data de abertura na passada sexta-feira, e pediu “paciência” aos habitantes da região, sublinhando que a solução “não é boa, mas é necessária”.

Na câmara dos representantes de Berlim, Lütke Daldrup explicou preferir alargar a espera mais dois anos do que ter que anunciar um novo cancelamento. Mas para o urbanista, Faulenbach da Costa, também este prazo não será cumprido, porque “os problemas graves ainda não foram resolvidos”.

A capacidade do novo aeroporto é outro dos defeitos apontados pelo especialista: “em 2006 constava na planificação, uma previsão de 18 milhões de passageiros por ano. Mas em 2006 esse número foi logo ultrapassado. A previsão foi muito curta. Como arquiteto aprendi que a prioridade, nestes casos, deve ser dada à funcionalidade, seguindo-se o design. Aqui aconteceu o contrário”.

A solução defendida por Dieter Faulenbach da Costa é a construção de um novo aeroporto, de raiz, a uma distância significativa da cidade. “Precisamos de um aeroporto para o futuro, e não de um que ao abrir, já venha cheio de restrições”.

O aeroporto internacional de Brandemburgo mantém a iluminação acesa há sete anos. À entrada, há um hotel de uma conhecida cadeia que se mantém aberto e uma publicidade luminosa gigante a uma empresa farmacêutica alemã. O BER recebe eventos pontualmente, e visitas guiadas ao local. Para Faulenbach da Costa ele poderá servir como um apoio ao aeroporto já existente de Schönefeld e também como “um museu de construções erradas”.

“Muitas vezes também me pergunto, como foi possível fazer-se um projeto assim? Mas aconteceu, agora temos que viver com ele. Temos que aproveitar e fazer melhores construções daqui em diante. Penso que este aeroporto não vai chegar a abrir, pelo menos tal como está agora planificado. Daqui a 10, 15 anos teremos um outro aeroporto em Berlim”, sublinha o urbanista que trabalha com aeroportos há 33 anos.

Os custos com o BER já atingem os 600 milhões de euros e, de acordo com a Deutsche Welle, são gastos, por dia, um milhão de euros.

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