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O 38… um ano depois

Há tanto tempo prometido este artigo para o BOM DIA… e logo haveria de arranjar tempo para o escrever… agora!

Agora, depois da derrota histórica do meu Partido, o PSD, que nunca, na sua história, em eleições de índole nacional, havia baixado para lá dos 24 %…

Se bem que para isso seja necessário buscar os arquivos de 75 ou de 76… para, ainda com Sá Carneiro e antes das vitórias, nas intercalares de 79 e nas legislativas de 80, ter obtido as 2 maiorias absolutas da… Aliança Democrática!

Mas isso são “contas de outro rosário”… que, um dia, haverá que ser retomado… esperando que mais tarde que mais cedo, embora o cedo, por muito cedo que seja – pelo caminho que o PSD está a leva … comece a ser cada vez mais tarde!

Mas a minha promessa era, desde há cerca de 5 meses, escrever sobre o Benfica e esse é o compromisso que tenho que honrar.

Ainda por cima… um compromisso assumido quando o 38 era um sonho inatingível e o Benfica se arrastava pelo Campeonato Nacional… em busca de qualquer coisa que ninguém parecia – lá dentro – descobrir!

Mas se – como diz Pessoa -… “Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce”, e sendo Deus, habitualmente, conotado com o Benfica, no meu imaginário futebolístico, então, Deus, desta vez… quis muito!

Muito mais do que quem tinha a responsabilidade de querer, cá em baixo (que é o mesmo que dizer no Estádio da Luz), … tantas foram as hesitações, as contradições, os sinais contrários!

Qual foi o máximo expoente dessa indecisão?

A velha frase, proferida ainda Bruno Lage não tinha convencido ninguém… “Ainda vão ter saudades do Rui Vitória”!

Como se o futuro se não fizesse de riscos, como se a vida não fosse o que – todos – temos para viver, como se de saudades alimentássemos a grandeza do que queremos construir…

A recordar a história do velho médico que – no tempo em que nem se sonhava poder haver ecografias – se gabava de acertar sempre no sexo dos bebes que estavam para nascer…

Porque, anunciando uma das duas opções (como era fácil, então, a vida, … nesta como noutras matérias) … escrevia nas suas notas a outra… que não havia anunciado.

E se, acertando, podia rasgar a sua previsão, porque não era sindicado por ter tido razão,… se confrontado com o falhanço, exibia a ficha da parturiente, onde lá estava escarrapachado o sexo certo… só que não percebido por quem ouvira …

E desta esperteza saloia se fazia a fama de quem… como há sempre em tudo … também aqui fazia sua a máxima “nunca me engano e raramente tenho dúvidas”!

O que se passou no Benfica, então, foi um assomo dessa máxima.

Por quem nunca tem dúvidas.

E, obrigado a tomar uma decisão, por ser impossível manter tudo como estava, foi anunciando a saudade que voltaria em breve… para não ser culpado de uma opção, se corresse mal, … ou fazer por esquecer os avisos se corresse bem!

O que nunca se esperaria é que correndo tão bem fossemos surpreendidos por um reescrever da história.

Compreendemos o maquiavelismo do futebol… mas tudo tem o seu limite.

Ou não… se correr bem… como foi o caso.

E desse resultado se conseguiu transformar uma decisão provisória em opção muito desejada e tomada para todo o sempre,… de um convite forçado pelas circunstâncias numa aposta pensada há muitos anos,… de um “vamos ver no que isto dá” numa decisão para perdurar para todo o sempre.

Só que, sabemos todos, no futebol, nada é para sempre, muito menos o que julgamos ou queremos que o seja…

E o futuro das dificuldades é… já ali.

BRUNO LAGE…

O 38…

Bruno Lage ganhou o 38.

Ele… e quem ele “meteu a jogar”.

Ou quem lhe deixaram para fazer a equipa… já que, ainda e depois de começar a ganhar… jogando em 4x4x2, lhe venderam os jogadores que melhor serviriam esse tipo de jogo.

Mas Bruno Lage ganhou, ganhou como quase ninguém havia ganho, não se deixando encantar com discursos de sonhos europeus… ele que terá percebido que quase não tinha – então – equipa para ainda ir a tempo de sonhar com o tal… 38.

Mas sonhou, fez com que nós sonhássemos e ganhou!

Ganhou e como deve ter pensado, no Marquês do Pombal, o que teve que “não ouvir” para poder estar ali a festejar.

Ele e os que agora reescrevem a História, mas que, ainda há poucas semanas, não se coibiam de encomendar primeiras páginas de jornais desportivos dando conta da sua insatisfação… pelos fracos resultados europeus.

Como se a Europa – também no futebol – se compadecesse com sonhos de momento, sem preparação e sem uma estratégia!

Bruno Lage percebeu isso e (ainda que ajudado pelas lesões, que lhe tiraram da equipa quem ele precisava de tirar) fez o futebol do Benfica todo direcionado para João Félix.

Teve a sorte dos audazes e a possibilidade de ir ganhar a Guimarães, a Alvalade, às Antas, a Moreira de Cónegos, a Braga e a Vila do Conde…

Pouco?

Não, muitíssimo, para quem tinha um plantel reduzido por natureza, encurtado por decisão diretiva, mas a jogar e a sonhar… à Benfica.

E disso tudo, conseguiu Bruno Lage… o 38!!!

UM ANO DEPOIS… O 39

O 38… um ano depois do que deveria ter sido.

Um ano depois por más decisões de quem tinha obrigação de tomar as melhores.

Dando alento a um Porto a precisar, então, de ajudas por todo o lado.

Resta-nos, agora acreditar em Bruno Lage e no 39… já para o ano.

Com um enorme alerta.

Só espero que percebam, Bruno Lage, os seus adjuntos, a Direção, os jogadores que fizerem parte do Benfica 2019/2020 que tudo voltou, outra vez, a ser muito difícil.

Que vai voltar a ser a nós que todos querem ganhar.

E que começar uma época desde o princípio, tendo vantagens, tem a dificuldade de saber pensar um ano no seu todo, sem o aliciante de fazer tudo de surpresa e de o risco, quanto à exigência dos Sócios, ser mínimo.

Para o ano voltará a não haver desculpas, voltará a ser máxima a exigência, num campeonato cada vez menos competitivo e, por isso, menos desculpador de erros com os mais pequenos.

Que serão, sempre, os resultados que farão a diferença… no fim!

Um ano depois do que deveria ter acontecido… ganhamos o 38.

Só espero que o 39… aconteça já a seguir.

Porque, à Benfica… não dá para esperar mais um ano o que pode ser conseguido já neste.

Sem Europa… para já… que isso será outra conversa!!!

Rui Gomes da Silva

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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