Na Venezuela há uma lusodescendente que se opõe a Maduro
A fundadora do partido político Vente Venezuela, Maria Corina Machado, tida como favorita às primárias da oposição, previstas para este domingo, elogiou o exemplo de ética, trabalho e generosidade dos luso-venezuelanos no país e apelou ao seu voto.
Sublinhando que partilha com essa comunidade “antepassados comuns”, acredita que ela vai participar nas primárias da oposição venezuelana, nas quais espera ser eleita como candidata única para derrotar o atual Presidente, Nicolás Maduro, nas presidenciais previstas para o segundo semestre de 2024.
“A comunidade portuguesa é enorme. Tenho muitos amigos entre os portugueses e eles também me têm demonstrado muito carinho. E têm uma particularidade que, podem perguntar porque qualquer venezuelano sabe disso, é serem muito trabalhadores; essa ética de trabalho e responsabilidade, generosidade, e também são muito unidos e partilham a sua cultura”, disse à Lusa, em Caracas.
O sobrenome de Machado, explicou, vem de “uma família de Portugal, com já vários séculos na Venezuela, e que se radicou em Ciudad Bolivar, no estado de Bolívar, no sul da Venezuela”.
“Portanto, temos antepassados comuns, uma origem comum”, frisou emocionada. Sublinhando que se sente muito honrada cada vez que a convidam à tertúlia da Academia do Bacalhau, elogiou ainda a união dos luso-venezuelanos e a sua dedicação ao país de acolhimento.
“É esse espírito de comunidade que temos de fomentar. E acredito que é isso que faz que estejam aqui e permaneçam aqui. Não se foram embora em proporções como as pessoas de outras comunidades, pelo contrário, muitos estão a regressar”, disse.
A favorita da oposição à votação neste domingo disse ainda que “há uma confiança” no futuro do país, mas “uma confiança partilhada”.
“E isso é muito importante. Sentir que todos fazemos parte disto (uma Venezuela de oportunidades). Eu digo sempre que não posso fazer isso sozinha e sinto que a comunidade portuguesa é um exemplo incrível nesse sentido”, frisou.
Maria Corina Machado formou-se como engenheira, uma profissão que exerceu muito pouco tempo, e recorda as lições dos pais de “responsabilidade pelo país”.
“Sou mãe de três filhos que não vivem comigo. Tal como a grande maioria das mães venezuelanas, atualmente, as nossas famílias estão separadas. Eu nasci numa família muito unida, sou a mais velha de quatro mulheres, e foi uma enorme sorte ter uma família onde os nossos pais nos criaram como cidadãos livres, a tomar as nossas próprias decisões e nos ensinaram um grande amor e responsabilidade pelo nosso país, pela Venezuela e pela liberdade”, disse.
Durante anos, afirmou a fundadora do Vente Venezuela, os venezuelanos têm-se preparado para as primárias da oposição.
“Esse momento chegou e a Venezuela necessita de nós”, apelou, insistindo que o país pode ter “um futuro luminoso”.
“Eu não posso sozinha. Os diferentes grupos e aliados não podem sozinhos. Esta é a hora do cidadão e peço-vos que dediquem o dia das primárias à Venezuela que tanto nos deu (…) que saiamos juntos a defendê-la e a salvá-la”, apelou a candidata.
Segundo Maria Corina, as primárias da oposição vão ser “um dia de alegria, de união, de orgulho” e por isso todos devem votar cedo, certificando-se de que todos sabem onde votar e ajudando, como puderem, a mobilizar e transportar as pessoas que precisem.
“Custou-nos muito construir esta oportunidade e há pessoas que querem tirá-la de nós, e não podemos permitir isso, porque do que se trata é de trazer os nossos filhos de volta a casa, de ter um país próspero, brilhante e cheio de oportunidades”, disse.
Maria Corina frisou ainda que as primárias são “a grande oportunidade de ganhar, de arrasar e depois ir com toda a força para ganhar e cobrar a Nicolás Maduro”.
A candidata disse ainda que toda a informação sobre eleitores, testemunhas e membros das mesas “vai estar salvaguardada”.