Lusodescendente promove direitos humanos com cinema na Venezuela
A lusodescendente Maria Helena Freitas, diretora do “Circuito Gran Cine” promove, na Venezuela, o 5.º Festival de Cinema “Miradas diversas” (Olhares diversos) uma iniciativa que usa para fomentar, durante 10 dias, localmente, o ativismo social e dos direitos humanos.
“O cinema não é apenas entretenimento, é uma ferramenta de comunicação muito poderosa (…) uma indústria, cultura e educação, mas é também ativismo em direitos humanos e é uma ferramenta poderosa, porque a qualquer canto do planeta podemos levar um filme, mostrar uma obra audiovisual”, explicou à agência Lusa.
Há 30 anos “em gestão cultural especializada em cinema”, Maria Helena Freitas, sublinhou que atualmente é possível fazer filmes com um telemóvel e mostrar realidades, o crescimento humano e ele pode passar por mutações e “ser uma pessoa melhor, construir um país melhor”.
Segundo Maria Helena Freitas o “Miradas diversas” faz parte de uma rede internacional de festivais de cinema do mundo e o seu nome deve-se ao facto de fomentar “o ativismo em direitos humanos de todos os países do mundo”.
“Os direitos humanos são universais, não são para uns ou para outros e podemos falar deles com filmes dos Estados Unidos, europeus, asiáticos e africanos, mas também com filmes latino-americanos, porque este é um assunto para falar, para encontrar-nos, para discutir pensamentos diferentes, diversidades e chegar a um acordo”, disse, lamentando a ausência de Portugal na atual edição.
No entanto, precisou que “o principal país do festival é a Venezuela”, com filmes em antestreia e com projeções limitadas, o que também é muito importante para a comunidade lusa local, que se destaca pela sua integração, por gostar de cultura, de entretenimento, de artes.
Por isso, convida a comunidade “a ver o festival, o ativismo de várias partes do mundo, a ver o que está a ser feito, para onde estamos a ir em direitos humanos, no trabalho, acordos e desacordos sobre esta questão”, inclusive sobre a situação local.
“Eu acredito que acabou a era do confronto na Venezuela (…)desde que fizemos o primeiro festival tomámos a decisão de abordar os direitos humanos desde um ponto de vista positivo, da resiliência, da sustentabilidade, da resistência, mas também da conformação e solidificação de uma sociedade civil organizada, de pessoas a pensar positivamente, como mudar as estruturas, os sistemas e adaptarmo-nos ao presente, mas sem mudar a nossa forma de pensar, de agir e ouvindo outros pontos de vista com respeito”, explicou.
Segundo Maria Helena Freitas “os opostos nunca se unem, a polarização não unirá os venezuelanos, por isso há que ver no ativismo dos direitos humanos o lado positivo, um movimento positivo para o desenvolvimento e encontro”.
Sobre Portugal, explicou que “está comprometido na defesa dos direitos humanos a nível mundial e que “tem dado provas de ser um (país) ativista poderoso, desde a União Europeia, desde a Comissão dos Direitos do Homem, da sua representação nas Nações Unidas e em todas as organizações internacionais”.
“Portugal tem sido um participante ativo na defesa dos direitos humanos”, vincou, lamentando, no entanto, que isso seja muito pouco conhecido entre os venezuelanos, porque estão longe.
“Mas há um interesse importante de Portugal nesta questão. Falámos com o novo embaixador (João Pedro Fins do Lago) porque queremos fazer uma amostra de cinema português na Venezuela e retomar a apreciação do cinema português, do trabalho audiovisual português que se tem desenvolvido muito bem ultimamente”, disse.
Explicou que morreu o cineasta português Manoel de Oliveira, mas há novos atores, em Portugal, que estão a participar em festivais internacionais e a ganhar prémios, a fazer filmes muito interessantes que têm a ver com direitos humanos, com questões sociais.
Esta lusodescendente acredita que é possível despertar a curiosidade e o interesse dos portugueses pelo tema dos direitos humanos na Venezuela.