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Eu Coutinho, tu continhas

Podemos pegar no assunto de muitas maneiras, vamos lá. E chegaríamos a muitas opiniões, muitas razoabilidades. Observaríamos incongruências que-deus-nosso-senhor-mo-livre, ou mesmo que-deus-nosso-senhor-nos-ampare se mais nada nos amparar. Se cairmos…

… como querem, como começam agora a fazer com inquilinos, pessoas dignas que pagaram as suas casas.

Falo, já se lê, do Prédio Coutinho, em Viana do Castelo. A sua demolição reiterada desde há dezanove anos.

– Os moradores, os inquilinos, são quem vai pagar os erros dos outros – de quem, ao tempo, permitiu construir o edifício?

Claro que, como disse, poderíamos colocar as questões do quão deitam abaixo a moral, a dignidade, os deveres (de viver) de quem não tem casa. De quem tem tanta, tanta questão dramática país abaixo.

Poluição visual, será argumento razoável para demolir uma infraestrutura daquelas?

Desde sempre tenho um interesse enormíssimo pela ordenação territorial / urbana. As ordenações locais, viárias, urbanas – o favorinho do tapa aqui, abre ali a ruazinha, o acesso – mesmo na minha cidade. Ou seja: submetia-me a discussões pormenorizadas acerca da demolição do Prédio Coutinho. Mas não ia mudar muito a opinião. Antes: clarificava-a e aclarava a matéria.

Seria quase uma tese. Não vou por aí. Não vou. E não vou, apenas, porque não priorizamos escamotear matérias interessantes, porque preferimos ter a papinha feita, não pensar e então só nos pronunciamos a desoras, quando nos toca mesmo, ou então quando podemos botar abaixo.

Surge-se-me Bertolt Brecht: “Então, quando me vieram buscar, já não restava ninguém para protestar”. Ou o nosso José Régio: “Não sei para onde vou. Sei que não vou por aí!”.

Eu recalcitro: Os moradores, os inquilinos, as pessoas são quem vai pagar os erros dos outros? Das especulações? De quem ao tempo, por esta ou aquela questão, permitiu construir o edifício?

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)

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