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Escritora portuguesa cumpre sonho de chegar à Alemanha

 A escritora portuguesa Isabela Figueiredo apresentou em várias cidades da Alemanha a tradução do livro “Caderno de Memórias Coloniais”, uma relação literária que era um dos objetivos, e que “está a começar bem”.

“Roter Staub. Mosambik am Ende der Kolonialzeit”, lançado pela Weidle Verlag e assinado por Markus Sahr, é a tradução de “Caderno de Memórias Coloniais”, editado originalmente em 2009, um relato intimista e crítico da autora sobre o colonialismo português em Moçambique.

“Todos os esforços feitos em 2018 para levar a tradução deste livro à sua realização foram conseguidos este ano. Ficou pronto para ir às livrarias em outubro, portanto, era necessário vir à Alemanha apresentar o livro aos leitores de língua alemã”, revelou Isabela Figueiredo em declarações à agência Lusa.

A itinerância literária de Isabela Figueiredo pela Alemanha incluiu as cidades de Berlim, Aachen, Hamburgo, Frankfurt, Leipzig e Colónia.

“Para começar, foi ótimo, foi maravilhoso”, sublinhou a escritora, assumindo que, nesta primeira itinerância, tinha sobretudo o objetivo de falar com leitores alemães para poder ser mais conhecida no país.

“Tinha como alvo chegar à Alemanha. O meu primeiro alvo sempre foi Brasil, mas o segundo objetivo era a Alemanha por causa das pressões históricas complicadas que o país tem, o seu passado e a forma como o tratou. Acho que tinha todo o sentido publicar aqui o livro”, revelou a escritora, adiantando que, durante os dias no país, recebeu várias questões “muito interessantes” dos leitores.

“Há muitas coisas em comum entre o que foi o passado mais cinzento e sombrio da Alemanha e o passado cinzento e sombrio colonialista que os portugueses iniciaram no mundo inteiro (…) A Alemanha sabe perfeitamente o que é ter uma mancha terrível na sua história, eles têm vivido com isso e têm conseguido assumir a crueldade e as injustiças do seu passado histórico, sem vergonha, sensatamente, duramente, objetivamente”, algo que falta em Portugal, assume.

“Era algo que eu gostaria que acontecesse também em Portugal, que fossemos capazes de ter esta objetividade relativamente ao nosso passado. Que a nossa história não enfatizasse apenas o período dos descobrimentos. Não é que não haja motivos para o fazer, porque há, mas é necessário explicar a história até ao fim. A história não acaba nos descobrimentos, precisamos de chegar ao colonialismo e à descolonização”, realçou Isabela Figueiredo.

A escritora participou em 2018 nas feiras do livro de Leipzig e Frankfurt, e esteve em residência literária em Berlim, com uma bolsa atribuída pela Embaixada de Portugal/Camões Berlim.

“Até a língua, que me era tão estranha, começa a fazer sentido sem a ter aprendido formalmente. Sinto que a minha relação literária com a Alemanha está a começar, e está a começar bem. Porque estou a conseguir ser traduzida, a vir cá muitas vezes. Tenho vindo às feiras e penso que vou continuar. Acho que iniciei uma relação de trabalho com esta minha editora alemã que me deixa muito satisfeita”, confessa Isabela Figueiredo.

Além do seu livro “Caderno de Memórias Coloniais” também “A Gorda” terá uma tradução em alemão que deverá ser lançada, segundo a autora, “no final do próximo ano”, a tempo da edição de 2021 da Feira do Livro de Leipzig, em que Portugal é o país convidado.

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