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E se faltassem carros por não haver vidros?

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A escassez de vidro provocada pelo aumento dos custos da energia pode ser a próxima “pedra no sapato” com que os construtores de automóveis vão ter de lidar. Isto em paralelo com a crise dos semicondutores, cujas falhas no fornecimento ainda estão longe de estar ultrapassadas, condicionando tudo o que envolve a componente electrónica dos veículos. Sucede que essa “dor de cabeça” pode estilhaçar com mais um entrave à produção: a falta de vidro. Sem janelas e pára-brisas, é impossível haver carros novos a sair da fábrica. Por isso, a Volkswagen já se está a precaver face à possibilidade de, nos próximos meses, o vidro escassear e o preço disparar.

O ano passado, as vendas do Grupo Volkswagen caíram 6,3% devido à falta de chips, fixando-se nos 8,6 milhões de veículos. Agora, prevendo a dificuldade de se conseguir abastecer de vidro no futuro, a gigante alemã começou a armazenar janelas e pára-brisas, confirmou a própria Volkswagen em comunicado. A preocupação ante a iminente crise no sector dos vidros é tal que o construtor alemão admite levar mais além os seus esforços, procurando fornecedores fora do Velho Continente.

Segundo o Wall Street Journal, o aumento dos custos de produção do vidro é neste momento uma fonte de preocupação para os fabricantes de automóveis. Especialmente aqueles que dependem de fornecedores de vidro instalados na Europa e, em particular, na Alemanha, país em que 40% do gás natural é importado da Rússia, o que o deixa mais exposto à volatilidade imposta pelo Kremlim, comparativamente a França ou Itália, como aponta o Independent Chemical & Energy Market Intelligence (ICIS). Ora, com o Inverno à porta e a porta aberta à contínua escalada dos preços da energia, teme-se que o sector do vidro se ressinta e, por tabela, todas as indústrias que dele dependem. De recordar que a produção deste material implica temperaturas elevadíssimas (1200 a 1400ºC) para fundir a sílica proveniente da areia, o óxido de cálcio fornecido pelo carbonato de cálcio e o óxido de sódio, sendo os fornos alimentados por gás natural (em grandes quantidades).

Perante este quadro, os construtores de automóveis não são os únicos a tratar de garantir os necessários stocks de vidro. A opção da Volkswagen está em linha com a de uma outra companhia germânica, a Brauerei C. & A. Veltins, cervejeira que depois de ver o preço das garrafas ter aumentos de até 90%, optou por ir ao mercado e comprar de uma só vez o volume de vasilhames que engarrafa anualmente: nem mais nem menos que 50 milhões de garrafas. Potencialmente, o sector das bebidas será dos mais atacados pela expectável subida de preços e pela míngua de vidro, mas há outros ramos de negócio que dependem deste material inorgânico. A produção automóvel carece de vidros específicos, o mesmo acontecendo com os fabricantes de tablets, smartphones e outros equipamentos electrónicos. E até mesmo as ópticas e a indústria farmacêutica, pois há diversos medicamentos que são comercializados em embalagens de vidro, como os xaropes por exemplo. Sem esquecer o ramo da construção civil, devido ao cimento, e muitas outras áreas.

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