Depois do amor, o que mais resta? Nada!
Quiçá desforço, triste mal-querença
Volve-se ao ódio em uma só penada
É o amor, em embrião, doença
Tanto se ama como, enfim, se odeia
Oh filamento da charneira fina!
Coisa mais linda travestindo a feia
Que enquanto se ama se não descortina
É que o amor sempre inebria e cega…
De irracional e torpe o pensamento
Navega em turvas águas na refrega
Sem ver o que era claro fingimento
E amor e fingimento não combinam
Palavras sem acções são tibiezas
Não bailam melodias, desafinam
E dão-se as alegrias em tristezas.
Luís Gonzaga (02/09/2022)