O primeiro-ministro português defendeu a necessidade de uma ação climática global mais rápida e ambiciosa para “inverter a trajetória que levará o planeta à rutura” e avisou que “não há humanidade B”.
“Inverter a trajetória que levará o nosso planeta à rutura exige uma ação mais rápida, mais concreta e mais ambiciosa, como nos pede o Secretário-Geral das Nações Unidas”, afirmou António Costa perante os líderes mundiais que participam na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no Dubai, Emirados Árabes Unidos.
O primeiro-ministro, anunciou, agora oficialmente, que Portugal vai contribuir com cerca de cinco milhões de euros para o fundo de financiamento de ‘perdas e danos’ resultantes das alterações climáticas, um dos vários investimentos que disse serem necessários.
Em referência ao conhecido lema do combate às alterações climáticas “Não há um planeta B”, António Costa avisou que “o planeta já existia antes da humanidade e, provavelmente, sobreviverá” sem ela. Pelo contrário, continuou, não existe “humanidade B”.
O primeiro-ministro, que está demissionário, reforçou os compromissos assumidos por Portugal, recordando a antecipação, para 2045, da meta para atingir a neutralidade carbónica e o objetivo de atingir, até 2030, 85% de produção eletricidade de fontes renováveis.
“Em Portugal, a transição climática representará, sobretudo, uma enorme oportunidade”, continuou, destacando a oportunidade de investimentos, que deverão totalizar, ao longo das próximas duas décadas, 85 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 35% do PIB português.
O primeiro-ministro sublinhou ainda a importância dos oceanos no combate às alterações climáticas, um tema que tem vindo a ser esquecido nos resultados das cimeiras anteriores, apesar dos sucessivos apelos dos ambientalistas.
Nessa área, e classificando como essencial na estratégia portuguesa o nexo clima-Oceano, António Costa lembrou que o país antecipou para 2026 a meta de classificar 30% da área marinha e aprovou, na semana passada, a criação da área marinha protegida do Recife do Algarve.
A propósito da proteção ambiental, o chefe de Governo destacou que Portugal já alcançou o objetivo de garantir proteção legal a 30% do território e reafirmou o empenho numa reforma da floresta que previna incêndios florestais.
O discurso do primeiro-ministro esteve muito focado na necessidade de financiamento da ação climática, ponto central da sua agenda durante a cimeira, e insistiu que “o investimento em políticas sustentáveis tem um custo financeiro significativo e desproporcional nos países em desenvolvimento”, referindo os vários compromissos assumidos na véspera.
Na sexta-feira, Portugal assinou o acordo de compromisso financeiro com o Fundo Verde para o Clima, da ONU, de apoio aos países em desenvolvimento (quatro milhões de euros nos próximos quatro anos) e de dois acordos de conversão da dívida com Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, no valor de 12 milhões de euros e 3,5 milhões de euros, respetivamente.