Cannes: “Mau por um momento”, as reações dos críticos

A curta metragem de Daniel Soares impressionou a crítica do festival. Falta saber se o português conseguirá ou não um prémio na aguerrida competição do maior festival de cinema do mundo, mas, por agora, já conquistou muitos críticos.

“Mau por um momento” abre com um “bilhete postal de Lisboa, a capital portuguesa, vista da margem sul do Tejo em todo o seu esplendor ensolarado”, diz um crítico que considera que o diretor de fotografia Vasco Viana propõe imagens iniciais que poderiam “ter sido adquiridas em algum folheto turístico ou site de vendas de casas”.

Outros críticos descrevem: passa-se muito rapidamente do postal à conversa entre ” empresários mercenários” que discutem o valor da vista daquele local e que sonham com lucros quando o seu projeto puder “mercantilizar tudo o que a luz toca”.

Segundo um crítico, o filme de Daniel Soares nem sequer mostra os homens do imobiliário como “vilões fantásticos”, mas como “parasitas do desenvolvimento urbano contemporâneo, odiosos na sua mundanidade”.

O filme acompanha a equipa de “gentrifiers” – assim um crítico decidiu chamar aos arquitetos e empreiteiros – numa ação de formação que Daniel Soares mostra como “um exercício perverso” e a reação dos moradores do bairro pobre onde vai nascer o projeto, que atacam o Tesla novinho em folha dos promotores.

“A propriedade é mais importante do que as pessoas”, explica um crítico, descrevendo a abordagem de “Mau por um momento”. O mesmo considera que, para o realizador, “a passividade é um privilégio” que os pobres não têm.

Outros críticos descrevem, a curta do português como “uma comédia sombria, uma dissecação de culpa insincera cujo alívio é egoísta e vazio”.