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Biografia do rei do rock’n’roll sai esta semana

Clique para ampliar O cantor Victor Gomes, que há 50 anos foi considerado o rei do rock nroll em Portugal, lança, no sábado, a biografia “Juntos outra vez”, que diz ser um acerto de contas com o passado.

Victor Gomes tem hoje 74 anos, figura franzina, cabelos brancos, é capaz de passar despercebido na rua, mas há 50 anos fez furor em Lisboa como vocalista dos Gatos Negros, ao cantar rock em inglês em interpretações enérgicas em palco, trajado de cabedal preto.

“Não estou à procura de medalhas, mas o mundo sabe que eu cheguei a Portugal com o verdadeiro rock. O rock aqui não era rock nenhum. Era roquezinho em português”, afirmou em entrevista à agência Lusa, em casa, nos arredores de Lisboa, rodeado de recordações.

Nascido em Lisboa, em 1940, Victor Gomes viveu grande parte da vida em África, continente onde iniciou a carreira artística e teve vários trabalhos; onde estão as raízes da rebeldia e dessa “fúria de viver” que se mantém até hoje, como contou.

“Tive uma vida cheia e acho que mereço um livro. Tive o bom e o mau. É a vida e tem que ser escrito. Passei por coisas que me obrigaram… a ser um rebelde. Ao fim e ao cabo, tenho a ousadia, a coragem, ou até a ignorância de dizer senhores, eu sou feliz, com tudo o que passei”, afirmou.

A biografia “Juntos outra vez” foi escrita por Ondina Pires, a quem Victor Gomes disse ter dado liberdade para perguntar tudo.

No livro, Ondina Pires conta o percurso cronológico da vida do artista: a ausência dos pais na infância, as mulheres com quem se relacionou, os filhos, os trabalhos temporários; ter sido pugilista, futebolista, hoquista, caçador e mercenário; o êxito em Lisboa, na década de 1960; as várias temporadas em África, o exílio político na Europa e o regresso a Portugal.

“Juntos outra vez” é, aliás, o nome de um EP de 1967 e da música que Victor Gomes compôs em português, uma balada escrita já no tempo em que trocou as calças de cabedal por fato e gravata e quando fazia temporadas no antigo cabaret Maxime, em Lisboa.

Victor Gomes editou ainda o single “Stop”, em 1989, e o álbum “Victor Gomes – o regresso do rei do rock”, em 1993. Participou em teatro de revista e foi ator de cinema.

O passado está guardado em duas pastas, com recortes de imprensa e fotografias a preto e branco, habitualmente depositadas num móvel onde está um retrato de juventude de Victor Gomes, numa moldura forrada com a cara do ídolo, Elvis Presley.

Apesar de se deixar enebriar por esse passado de sucesso – embora de curta duração em Portugal – Victor Gomes sublinha: “Fui o rei do rock, anos e anos, e fui soldador. Gostava da soldadura, para mim era a arte. Rei do rock soldador, não tem mal nenhum. Ganhei muito dinheiro”.

Na entrevista, Victor Gomes tanto recuou ao dia em que conheceu o grupo Gatos Negros, na Trafaria, em 1963, – “foi amor à primeira vista” – como aos tempos em que, na antiga Rodésia (atual Zimbabué), integrou “uma pequena companhia de mercenários voluntários” – “nunca matei ninguém”.

A história de Victor Gomes já foi muitas vezes contada na imprensa, ao longo dos anos, mas o cantor parece querer garantir, com esta biografia, que afinal tudo é verdade. Uma espécie de ajuste de contas consigo e com o passado e um registo a pensar também nos que ficam: seis filhos, dez netos e três bisnetos.

O livro “Juntos outra vez”, edição de autor e biligue (português/inglês), será lançado no sábado à tarde, no Sabotage Club, em Lisboa, onde Victor cantará temas que tem estado a recordar em ensaios, como “Youre such a good looking woman”, “Delilah” e “My way”, de Paul Anka, que Frank Sinatra eternizou.

No Porto, o lançamento será a 08 de novembro, no Auditório do Montepio.

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