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Será que há turistas a mais no Porto?

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O “excesso de pressão turística” no centro histórico levou a Câmara do Porto a desenhar uma estratégia para promover a cidade ‘dividindo-a’ em oito quarteirões, rejeitando o perigo de perda de autenticidade em zonas atualmente não turistificadas.

“O diagnóstico sugere sinais de excesso de pressão turística nas zonas do Centro Histórico e da Baixa da cidade, designadamente em época alta”, pode ler-se na Estratégia de base para a dispersão dos fluxos turísticos do destino Porto e a criação de quarteirões no concelho do Porto, que foi hoje apresentada no Reservatório da Pasteleira.

De acordo com o documento, as duas zonas identificadas “concentram 71% da oferta turística, medida pelo número de empreendimentos turísticos, e 79% da procura turística, medida pelo volume de operações na rede multibanco efetuadas por estrangeiros no Porto (2022)”.

“A dinâmica turística nestas zonas indicia um panorama de saturação que condiciona a qualidade de vida dos residentes e prejudica a experiência do visitante, embora ainda em níveis geríveis”, refere o documento, que contou com o trabalho da consultora EY-Parthenon.

Assim, a estratégia para diversificar os fluxos turísticos pela cidade – incluindo partes de Vila Nova de Gaia e Matosinhos – identificou dois quarteirões consolidados (Centros Históricos do Porto e Gaia e Baixa do Porto), três em consolidação (Foz e Matosinhos Sul; Boavista, Campo Alegre e Marginal do Douro; Bonfim), e três emergentes (Lapa, República e Marquês; Asprela, Arca d’Água, Carvalhido, Ramalde; Campanhã, Antas).

Para a vereadora do Turismo e Internacionalização da Câmara do Porto, Catarina Santos Cunha, o novo “mapa de promoção turística da cidade” está “assente na criação de uma identidade própria e distintiva para cada quarteirão e uma estratégia de abordagem customizada às necessidades e potencialidades de cada um”.

O objetivo é promover “um maior equilíbrio na gestão dos fluxos turísticos”, ao mesmo tempo que se geram “mais oportunidades de crescimento, investimento e desenvolvimento”.

Questionada sobre se esta estratégia não pode significar uma sobrecarga para outras zonas da cidade não turistificadas, Catarina Santos Cunha referiu que a dispersão de turistas “não é com o intuito de criar pressão noutros locais, mas efetivamente de desenvolvimento económico noutros locais”.

“Nós vamos, desta forma, conseguir que outros territórios sejam conhecidos. Eu julgo que para nós chegarmos a uma pressão na cidade inteira… era bom que acontecesse, nós depois cá estaríamos para gerir, porque agora acho que estamos numa fase diferente. Ainda não chegámos a nenhuma rutura”, considerou.

Já sobre se zonas atualmente não turistificadas poderem perder a autenticidade ou moradores, a vereadora rejeitou, advogando que será feito trabalho “com os locais, para que todos beneficiem desse desenvolvimento e que mostrem, de facto, o que o seu território, o seu bairro, tem de melhor para oferecer”.

Quanto às zonas do centro histórico e da baixa, o objetivo da Câmara é que os turistas “estejam menos tempo concentrados naquele território naquelas alturas do ano” e que “se desloquem para outras partes da cidade”.

Os oito quarteirões serão promovidos consoante o seu nível de propensão e maturidade turística, através de meios como o portal VisitPorto, redes sociais, influenciadores ou revistas.

Em janeiro, a Lusa já tinha noticiado que a Câmara do Porto iria lançar uma campanha de comunicação para dar mais visibilidade a quarteirões do Porto como o Bonfim, Foz ou Bombarda, com o objetivo de dispersar os fluxos turísticos na cidade.

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