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Parlamento Europeu entrega prémio a ativistas iranianos

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O Parlamento Europeu entregou esta terça-feira o Prémio Sakharov, em Estrasburgo, ao advogado Saleh Nikbakht, em representação dos familiares de Mahsa Amini, que foram impedidos de sair do Irão, e a duas representantes do movimento “Mulher, Vida, Liberdade”, entre muitos aplausos.

“Seria importante que fosse uma mulher a transmitir a mensagem. Este movimento, desde o momento que Jina Mahsa Amini foi detida, foi conduzido e apoiado por mulheres e o resultado é o que puderam assistir”, disse Nikbahkt, que era advogado da jovem iraniana, morta no ano passado após ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por usar um véu que não a cobria bem.

No hemiciclo do Parlamento Europeu, onde se ouviram muitos aplausos num ambiente emotivo, o advogado relatou como a mãe de Mahsa Amini, que é médica, lhe pediu que fosse a sua porta-voz e falasse “em nome de uma mãe desconsolada, que viveu a emoção, o amor e a perda da sua filha”, na cerimónia que celebra a liberdade de expressão e homenageia a filha, que “conseguiu transmitir a mensagem do Curdistão”.

“A Jina era uma mulher muito bela, que tudo fazia para alcançar os seus objetivos. Estamos aqui hoje, em França, onde nasceu Joana d’Arc. Duas mulheres que lutaram pela liberdade e que se encontraram aqui para homenagear a vida”, disse o advogado, acrescentando que “das cinzas destas duas figuras surgiu uma mensagem de liberdade intocável”.

“Os seus espíritos estão eternamente ligados entre si pela história, mulheres que defenderam os valores mais nobres da humanidade: mulher, liberdade, vida. Valores que não conhecem fronteira assim como justiça e paz”, acrescentou Saleh Nikbakht, que espera que os eurodeputados continuem a orgulhar-se da escolha em homenagear esta mulher.

“A tristeza pela perda de Jina não desaparecerá nunca”, finalizou.

Por seu lado, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, dirigiu-se diretamente às representantes do movimento iraniano “Mulher, Vida e Liberdade” presentes no hemiciclo – Afsoon Najafi e Mersedeh Shahinkar – para lhes garantir que as posições que têm tomado são uma inspiração e que a coragem em denunciar abusos e injustiça são um exemplo universal.

“Saibam que não estão sozinhas. Esta casa é o vosso lar e a vossa coragem vai ganhar, porque a vossa causa está correta”, sublinhou.

A Mersedeh Shahinkar, Roberta Metsola disse que apesar dos abusos extremos que sofreu no Irão, a sua filha, presente nas galerias do Parlamento Europeu, poderá “orgulhar-se e olhar para o seu futuro com esperança”.

“E isto graças a si”, concluiu.

A dirigente voltou a lamentar a ausência da família de Mahsa Amini, impedida de viajar pelo regime iraniano, naquele que é “mais um exemplo do tratamento diário que o povo iraniano enfrenta”.

“Garantir a dignidade de cada indivíduo permanece um desafio global, o respeito universal dos direitos humanos não está garantido”, disse a dirigente, congratulando-se que o PE reconheça, através do prémio Sakharov, os contributos de quem defende os direitos humanos “com grande risco” e que alguns “pagaram com a própria vida”, como a jovem Mahsa Amini, “que tinha sonhos e ambição de uma melhor vida”. 

Detida e severamente agredida, a jovem morreu três dias depois da detenção, em setembro do ano passado, mas a “sua voz foi transportada” nas ruas do Irão e iniciou o movimento “Mulher, Vida e Liberdade”, que representa “valores que não devemos dar por garantidos”, alertou.

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