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Israel acusa Guterres de “baixeza moral” e “perigo à paz mundial”

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Israel acusou secretário-geral da ONU, António Guterres, de “um novo nível de baixeza moral” após um apelo inédito ao Conselho de Segurança por um cessar-fogo em Gaza e avaliou o seu mandato como “um perigo para a paz mundial”.

“Isto é mais uma prova da distorção moral do secretário-geral e do seu preconceito contra Israel. O apelo do secretário-geral a um cessar-fogo é, na verdade, um apelo à manutenção do reinado de terror do Hamas em Gaza”, argumentou na quarta-feira o embaixador israelita na ONU, Gilad Erdan, na plataforma X (antigo Twitter).

“Apelo mais uma vez ao secretário-geral para que se demita imediatamente. A ONU precisa de um secretário-geral que apoie a guerra contra o terrorismo, e não de um secretário-geral que atue de acordo com o guião escrito pelo Hamas”, acrescentou Erdan, que em outras ocasiões já havia pedido a demissão de Guterres.

Pela primeira vez desde que assumiu a liderança das Nações Unidas, em 2017, António Guterres invocou na quarta-feira o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas que afirma que o secretário-geral “pode chamar a atenção do Conselho para qualquer assunto que, na sua opinião, possa ameaçar a manutenção da paz e segurança no mundo”.

Nesse sentido, Guterres enviou uma carta inédita ao Conselho de Segurança da ONU, apelando ao órgão para que “pressione para evitar uma catástrofe humanitária” em Gaza, reiterando os seus apelos por um cessar-fogo que trave “implicações potencialmente irreversíveis” para os palestinianos.

A “magnitude da perda de vidas humanas em Gaza e em Israel, num espaço de tempo tão curto”, levou Guterres a recorrer, de forma excecional, ao artigo 99.º da Carta da ONU, segundo indicou o seu porta-voz, Stéphane Dujarric,

“O secretário-geral está a invocar um dos raros poderes que a Carta lhe confere”, comentou Dujarric, descrevendo o movimento como “dramático”, uma vez que o artigo em causa não é invocado “há décadas”.

“Gostaríamos de ver o Conselho de Segurança pedir um cessar-fogo humanitário”, acrescentou.

Para o embaixador de Israel junto à ONU, Guterres deveria ter optado por “apontar explicitamente a responsabilidade do Hamas pela situação e apelar aos líderes terroristas para que se entreguem e devolvam os reféns, acabando assim com a guerra”, acusando o líder da ONU de se alinhar com o “jogo do Hamas”.

Contudo, apesar das acusações de Israel, a carta que Guterres enviou ao Conselho de Segurança apelava explicitamente à “libertação imediata e incondicionalmente” dos reféns do grupo islamita.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, se pronunciou sobre a carta enviada por Guterres ao Conselho de Segurança, avaliando que o mandato do ex-primeiro-ministro português “é um perigo para a paz mundial”.

A invocação do artigo 99.º da Carta da ONU e o apelo de Guterres a um cessar-fogo em Gaza “constituem um apoio à organização terrorista Hamas e ao assassínio de idosos, ao rapto de bebés e à violação de mulheres”, escreveu o ministro na plataforma X.

António Guterres já havia sido alvo de fortes críticas por parte de Israel após ter afirmado que o ataque do Hamas de 07 de outubro “não aconteceu do nada” e que o povo palestiniano “foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante”. Após estas declarações, o Governo israelita chegou a pedir a demissão de Guterres da liderança da ONU.

Israel tem levado a cabo uma vasta ofensiva terrestre na Faixa de Gaza desde 27 de outubro, após três semanas de intensos bombardeamentos, em resposta ao ataque realizado pelo grupo islamita palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro, que fez mais de 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.

As operações militares israelitas já provocaram mais de 16 mil mortos na Faixa de Gaza, 70% dos quais mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas.

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