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Avante, Covid, Avante!

Quem foi passar férias a Marte e acabou mesmo agora de aterrar no Seixal e se depara com a Festa do Avante deve pensar: “Fantástico, um festival… finalmente a pandemia de coronavírus chegou ao fim”. Bem… ao fim chegou mas não foi a pandemia. Provavelmente ao fim chegou foi o juízo de quem autorizou a realização de um festival político, cultural, desportivo, musical e teatral num período em que praticamente todos os dias surgem dezenas de novos surtos de Covid-19 de norte a sul do país, a fazer lembrar o pico da pandemia de há poucos meses atrás. Mas o Festival do Avante é isso mesmo: vive de lembranças de tempos passados, possui uma alma saudosista e um estilo cultural assumidamente “retro”, servindo aos seus festivaleiros para matar saudades dos velhos ideais marxistas e da partilha dos meios de infecção e contaminação, porque se o vírus existe, então há que partilhá-lo por todos os camaradas, mais a mais sendo ele oriundo de um país comunista. Gesto bonito de se ver nos dias que correm…

Houve ainda quem tentasse uma providência cautelar, em tribunal, para suspender a Festa do Avante mas, como seria de esperar, essa providência cautelar foi rejeitada já que nunca na vida o martelo iria decidir contra a sua foice gémea, ambos símbolos maiores e imortais do PCP (Partido Covid… opsss… Comunista Português).

A Festa do Avante vai estar sem álcool durante a noite para, assim, cumprir uma das directrizes da DGS. Álcool? Só se fosse para desinfectar as mãos. É que, a avaliar pela sua faixa etária, grande parte dos festivaleiros comunistas não necessitam de álcool para se animarem nas noites da Quinta da Atalaia: basta-lhes um “shot” de Calcitrim que a animação e a dança são garantidas noite fora. É que todos os festivaleiros sonham vir, um dia, a atingir a performance artística do camarada Jerónimo, pois todos recordam os seus dotes de exímio dançarino nos festejos da passagem de ano 1995/1996 aquando da campanha para as eleições presidenciais.

Outra novidade para este ano é que o discurso oficial de abertura da Festa do Avante não contará com a presença física de Jerónimo de Sousa na Quinta da Atalaia, embora esse mesmo discurso seja reproduzido pelo sistema sonoro do recinto e também através das redes sociais do partido na internet. Acho bem… afinal o senhor já é septuagenário e um festival com perto de 16 500 pessoas não é propriamente o local mais seguro para uma pessoa pertencente a uma faixa etária de risco e, ainda para mais, em tempos de pandemia. Ele não é nenhum maluco!

E António Costa tem aqui uma jogada de mestre: Avança o Estado de Contingência para 15 de Setembro para permitir a realização da Festa do Avante e assim agradar aos comunistas para que estes sejam generosos na hora de votar o Orçamento do Estado para 2021… “O meu reino por uma festa”. Nada de mais para o prodigioso negociador Costa! E, aposto, que terá ainda pensado para com os seus botões: ‘Ao mesmo tempo também se está a ajudar a desenterrar da crise o sector das funerárias, já que a Quinta da Atalaia mais vai parecer um Lar gigante”. Fica também provado que António Costa, mais do que respeito, tem medo dos comunistas, não porque eles comam criancinhas ao pequeno almoço, mas porque eles podem comer a estabilidade governativa de que Costa tanto necessita para governar. Logo, há que se lhes fazer todas as suas vontades e caprichos…

Há ainda aqueles e aquelas que defendem o Festival com unhas e dentes (aqueles que ainda os têm), dizendo que não há de ser um vírus que vai impedir a realização do Avante, pois a liberdade está em primeiro lugar (ainda os vamos ver a defender a liberdade ligados ao ventilador). Ah pois não, não é um vírus apenas, com certeza, que vai causar qualquer transtorno ao Avante. Mas o problema é que, potencialmente, poderão entrar dentro do recinto do Festival, na Quinta da Atalaia, não um, mas sim milhares de milhões de vírus… upa, upa, essa é que é essa! E se nos festivais de música dedicados mais à juventude (de que é exemplo o “MEO Sudoeste” na Zambujeira do Mar) quem se reproduz são os jovens, no Festival do Avante quem se vai reproduzir é o coronavírus…

E termino esta minha crónica com o refrão do Hino “Avante Covid” da edição deste ano desta grande festa comunista:

Avante, covid, avante,

Junta a tua à nossa tosse!

Avante, covid, avante, covid

E a eterna noite reinará para todos nós!

Daniel Luís

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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