Era um pedaço de pão
e um copo cheio de vinho
é a fome de meu irmão
sedento de afecto e carinho.
São as vinhas do meu chão,
braço forte e um guindaste,
no quintal late o cão,
colho o fruto duma haste.
Gosto da broa do pão
e que bom que já chegaste.
Traz-me a caneca do vinho,
e a tigela do caldo
entornado da minha infância.
Rega as vinhas que plantei,
dá-me um abraço e carinho
num lar que eu adorei.
Traz-me papel e um lápis
e um saco de inspiração
para que eu escreva
não sei quantos mil
poemas para um irmão.
Irmão que não tenho e que inventei,
um sósia tal como eu,
nascido na mesma cama
que devore versos, vinho e pão.