Na sexta-feira fui jantar a um restaurante novo cujo nome não recordo, mas é um enorme e italiano que fica entre o Zé Manel dos Ossos e o Solar do Bacalhau.
Tem uma bela esplanada e lá dentro, as paredes são pintadas com motivos a parecerem que estamos num paraíso à beira-mar, o raio do pintor é que não tem as mínimas noções de perspectiva, ou então, é uma invenção nova.
Fora isso, que é uma questão menor, o serviço foi impecável, estava tudo muito saboroso apesar de terem que ainda apreender a noção que uma “bisteca muito mal passada tem que estar a pingar sangue” e não ser medianamente passada! O preço, face aos padrões, foi bastante razoável e certamente irei lá mais vezes.
Ao lado há uma salão de depilação e cujo preçário, instalado à porta, afirma que “afinar” a sobrancelha a uma mulher custa 2,00€ mas a um homem custa 3,00€, bem como, tirarem o pêlo da axila a uma mulher custa 3,00€ mas a um homem fica em 5,00€.
Por outro lado, não fazem o buço aos homens nem efectuam a depilação nas costas ou ao peito às mulheres.
Isto seria motivo para uma manifestação à porta do salão de homens ávidos por fazerem o buço, apararem as sobrancelhas e raparem as axilas! E tínhamos aqui um problema, insultos, constitucionalistas à bulha, livros para meninos e meninas à pancada.
E às vezes, estas coisas do politicamente correcto, geram em flagrantes faltas de bom senso, da imposição da doutrina da Madre Catarina Martins, e até do estabelecimento de uma certa ditadura comportamental.
Por exemplo, eu nunca digo a minha opinião acerca das touradas para não arranjar problemas, Eu nem gosto de touradas mas não sou necessariamente contra as touradas, muito embora acredite que estarão condenadas a desaparecer a médio prazo! Mas achar que os adeptos das touradas são burros, insensíveis, inimigos dos animais, e mais uma quantidade de disparates, vai um grande passo, e isto vai lá com calma e não com o assumir de uma superioridade moral que não leva a lado nenhum.
E muito menos como que se passou este fim-se-semana numa praça de touros em França, em que um tipo do movimento anti-touradas invadiu a arena como forma de protesto, e o touro vendo tão peculiar personagem a entrar no espaço, investiu contra o pobre desgraçado, ainda lhe deu uma valentes marradas que o deixaram inanimado no chão, e apenas foi salvo com a ajuda dos bandarilheiros.
Enfim, a malta com um bocado de tempo acaba por se entender todos uns aos outros.
PS – enquanto escrevia isto, acabei de ler que algumas salas de cinema irão deixar de exibir o “E tudo o vento levou” devido ao seu conteúdo racista! Juízo pá, juízo.