“Os Lusíadas Pega-Monstros – Canto Primeiro”
1
As damas e os barões desempregados,
Que da acidentada governação lusitana,
Por caminhos cada vez mais desesperados,
Passaram além da sua condição pobretana,
E à austeridade e à troika habituados,
Mais do que podia a paciência draconiana,
E perante a bancarrota emigraram,
Para novos Reinos, onde tanto trabalharam.
2
E também as manias grandiosas,
Daqueles governantes que foram dilatando,
A miséria, o défice, e as obras caprichosas,
Do Minho ao Algarve, do crédito abusando;
E aqueles corruptos que por influências poderosas,
Se vão da lei da República libertando,
– Escrevendo espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar a liberdade de expressão e a arte.
“Mensagem – Mar de Dívidas”
1
Ó crise prolongada, quanto do teu mal,
São Parcerias Público-Privadas de Portugal!
Por te ignorarmos, quantas mães se endividaram,
Quantos filhos em vão estudaram!
Quantos empréstimos ficaram por pagar,
Até que te abeirasses de nós, ó crise!
2
Valeu a pena? Tudo vale a pena,
Se a ambição não é pequena.
Quem quer passar além da vida precária,
Tem que passar pela porta partidária.
Deus aos portugueses a austeridade e a pobreza deu,
Mas neles é que espelhou o apogeu…