O Luxemburgo perdeu um HOMEM grande. Não um HOMEM qualquer. Do seu legado, fica uma vida cheia, na defesa da liberdade, do livre pensamento democrático, da religião, da cultura e língua portuguesa (tão maltratada no Grão-Ducado do Luxemburgo).
Curiosamente, esse HOMEM era padre católico!
Conheci o Padre Belmiro em 2008, uns meses após ter chegado ao Luxemburgo e que melhor local para travar conhecimento com um HOMEM de cultura do que o Instituto Camões no Luxemburgo.
Os tempos foram passando e nossa amizade foi crescendo, assentando sempre em conversas intelectualmente interessantes sobre cultura, filosofia, economia, política portuguesa e mundial. E falávamos, muito da vida, partilhando as nossas aventuras e desaventuras!
Tendo sido professor de filosofia, escritor, poeta, gostava de cultivar nos próximos a sua paixão pela literatura, em particular a portuguesa.
A seu pedido, colaborei com a Santa Casa da Misericórdia do Luxemburgo em regime de voluntariado, nesta nobre causa, prestando aconselhamento jurídico e ensinado bases de informática e internet.
Mesmo durante este ultimo período de doença, surpreendi-me com a sua lucidez! Não deixou de ler as revistas inglesas que tanto gostava, nem de ouvir as noticias na RAI.
Em Dezembro antes de ir para Portugal, preparei-lhe uma pequena surpresa, ao ler-lhe um texto de Álvaro Campos: POEMA DE CANÇÃO SOBRE A ESPERANÇA. Em troca o Padre Belmiro, recitou José Régio. Quão belo foi esse momento de despedida!
Agradeço-lhe a ajuda que me deu, numa fase menos boa da vida aqui no Grão-Ducado, a mesma desinteressada ajuda e companhia que lhe prestei, nestes últimos meses de doença, confortando-o na sua solidão e doença.
Esta será a memória do HOMEM que irei guardar, nas palavras e pensamentos que irei perpetuar!
Adeus Padre Belmiro, Até Sempre!